quarta-feira, 26 de junho de 2013


A Copa das falácias.

Ontem vi um cartaz que me deixou intrigado: Rocinha não quer teleférico, quer saneamento básico. Demorei uns dez anos para tentar entender o que tem uma coisa para outra, porque até no orçamento do Governo, as verbas para saneamento saem de uma rubrica que não atrapalha e não influencia obras de mobilidade urbana.
Das duas, uma:
1) Ou quem pintou aquela coisa não era da comunidade realmente;
2) Ou é uma pessoa iludida o suficiente para escrever uma ASNEIRA daquelas.
Ora, no momento em que a sociedade se organiza por mobilidade urbana, teleféricos são soluções por demais inteligentes para a topografia da cidade, fico imaginando alguém que possa ser contra um teleférico numa favela. O cara que escreve uma asneira destas nunca utilizou o teleférico do Alemão. Perguntem a alguém no Morro do Alemão se ele abriria mão do teleférico instalado, que uniu a Comunidade, do Morro do Adeus, à Fazendinha, com 3,5 quilômetros de extensão. Às crianças que tem facilidade para ir à escola, os trabalhadores que tem facilidade de irem trabalhar, as famílias que se unem com o único meio de transporte que serve à toda a comunidade.
É muita pretensão desta faixa, que ilustra hoje as manchetes do PIG. Alguém perguntou à comunidade? Se fizerem um plebiscito na Rocinha e na Providência perguntando se querem o teleférico, se der um resultado menor que 80%, depois de um debate sério, eu troco de time.
E o pior, no momento em que a Rocinha, além do teleférico, vai receber um grande aporte de investimentos exatamente em rede de esgoto e moradia. Será que os organizadores do tal evento omitiram isto por desconhecimento ou por pura má-fé? Veja o que está anunciado e está previsto, orçado no PAC: “O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 terá R$ 2,66 bilhões em investimentos para as comunidades da Rocinha e para os complexos do Lins e do Jacarezinho. Entre as intervenções, estão previstas obras de macrodrenagem de esgoto e água, instalação de rede coletora de lixo, abertura e alargamento de vias, além da construção de creches e de 475 unidades habitacionais.” - fonte: http://blog.planalto.gov.br/ao-vivo-anuncio-de-investimentos-em-comunidades-do-rio-de-janeiro/
Bem, vamos sair deste falso paradoxo de Zeno, da tartaruga e de Arquimedes, eu quase choro de rir quando vejo algumas bobagens que saem nas manifestações sobre a Copa do Mundo, no pior estilo, “não queremos Copa, queremos saúde e educação”. Em primeiro lugar, “não queremos, quem, cara pálida?”. O nós é um plural majestático muito pretensioso, quem não quer copa? Os estudantes radicais da sigla A, B e C? Quem lhes deu o direito de usurpara a vontade popular. O Governo deveria fazer um plebiscito, com um debate claro sobre a Copa do Mundo, de novo ganharia de lavada. Primeiro porque é novamente uma bobagem teórica opor Copa a Saúde e Educação. Tenho visto poucos ou nenhum argumento sofisticado com relação a isto. Primeiro porque o Governo não está retirando verba da saúde e da educação para fazer Copa do Mundo. Investimento puramente na Copa serão só os estádios, que querem ou não os anti-copa, também ficarão como legado. Tirando os estádios de Manaus, Brasília e Cuiabá, que são elefantes brancos sem viabilidade financeira para o futebol, todos os outros serão praças utilizáveis após a Copa do Mundo, o custo total deles (está no portal da Transparência) é de 7 bilhões de reais em 4 anos!!!! Não chega a dois bilhões por ano, não foram os estádios que cortaram verbas, nem da saúde nem da educação, veja o quadro retirado do PORTAL DA TRANSPARÊNCIA.
Lá, muitas pessoas se surpreenderão, que o Brasil gastará apenas 7 bilhões com estádios e os restantes 21 bilhões serão principalmente com transporte! Aeroportos, “mobilidade urbana”, BRTs, VLTs, Metrô, vias expressas que são legados permanentes indiscutíveis. É divertido ver gente ir para a rua e reclamar sobre mobilidade urbana, sem saber que os maiores gastos com a Copa foram em... MOBILIDADE URBANA! Ou seja, é um falso problema, haja vista que estes 21 bilhões gastos com a “Copa do Mundo”, na verdade não foram gastos com a Copa do Mundo, mas modernizando portos, vias, aeroportos, BRTs, abrindo vais, ampliando portos. Será que alguém que fica repetindo a cantilena dos “30 bilhões gastos com a Copa do mundo tem alguma idéia disto?”
Para terminar, nesta semana o Governo Dilma anuncia mais 50 bilhões em mobilidade urbana e aprova o projeto para ampliar os gastos com saúde e educação através dos royalties: 200 bilhões para a educação e 50 bilhões para a saúde! Um gasto recorde nunca jamais alcançado por nenhum governo. Isto se junta aos 2 milhões de universitários já assistidos pelo Pro-Uni, aos 26 novos campi universitários, às dezenas de escolas técnicas, UPAS, novos hospitais, clínicas de família que este governo fez em todo este tempo. O gasto com saúde e educação ultrapassa em 49 vezes por ano o que o Governo gastou com estádios da Copa do Mundo.
Ou seja, os argumentos filosoficamente falando realmente falaciosos, são de uma montagem tão superficial que não resistem a um mínimo questionamento, sequer econômicos. O gasto com a Copa, sendo com estádios apenas 7 bilhṍes e os restantes 21 bilhões com infra-estrutura permanente do país, vão ser remunerados por uma receita que pode chegar a 150 bilhões de reais. Todavia, as projeções de retorno financeiro para o país durante e após o evento, miraculosamente sumiram das páginas de jornais e revistas da chamada mídia hegemônica, que lucra como nunca com o evento, repassando imagens e notícias, mas finge que este dá prejuízo, porque quer lucrar ainda mais com a desestabilização do país.
Teve um amigo respeitável que disse inclusive que é contra toda e qualquer Copa do Mundo, porque a Fifa é uma máfia. Tenho que confessar, QUE ESTE É UM ARGUMENTO RESPEITÁVEL. Mas, se este é o argumento, o certo não é protestar contra a Copa no Brasil, mas contra a existẽncia de toda e qualquer Copa do Mundo. Uma coisa é certa em lógica, ao escolher seus termos, você tem que ir até às últimas consequẽncias nele. Se é contra o negócio Copa do Mundo, tem que ser contra toda e qualquer Copa do Mundo. Mas não é este o argumento, os protestos são “CONTRA A REALIZAÇÃO DE UMA COPA DO MUNDO NO BRASIL”. Ora, nestes argumentos sinto uma espécie de “complexo de vira-latas”. Pelos números expostos, resta provado que:
1) A Copa do Mundo no Brasil não é cara, o gasto EXCLUSIVO COM A COPA, é de apenas 7 bilhões. Destes 7 bilhões, só 3 estádios não são viáveis depois, todos os outros são, e os particulares não recebem investimento público;
2) Dos chamados “30 bilhões”, que viraram uma verdade absoluta (que agora passo a chamar a falácia absoluta), e que na verdade são 21 bilhões, todos estes valores são de valores permanentes no Brasil. BRTs, VLTs, Metrês, vias expressas, aeroportos, portos, hotéis. Então não são investimentos para a Copa, são o legado permanente;
3) A Copa não vai deixar legado. Bem, esta não é a falácia, é a mentira mais absurda de todas. Dos 28 bilhões, 21 bilhões são de instalações permanentes QUE NÃO TEM NADA QUE VER APENAS COM COPA DO MUNDO. Todas as instalações ficarão em pleno funcionamento, em todas as cidades, após a Copa. Espero que ao ler o artigo e ao conferir os números no transparência Brasil, não repitas mais estas bobagens.
4) A Copa retirou dinheiro da saúde e da educação, Com verbas 49 vezes maiores do que a dos estádios em um único ano, acho que ninguém vai mais repetir esta baboseira, né? O problema da saúde no Brasil não é a Copa, muito menos o da educação. Temos o paradoxo de termos em alguns lugares, verbas, o hospital e faltarem médicos que não querem trabalhar no interior. Um paradoxo absoluto e invencível e ser contra a Copa e ser contra os médicos cubanos no interior! Outro paradoxo é reclamar contra o investimento da Copa pedindo mais investimento em transportes... que foi o PONTO FORTE DOS GASTOS DA COPA.
Bem, se quer atacar o artigo, tens todo o direito, mas por favor, coloque argumentos válidos, argumentos falaciosos ou mentirosos, termos deslocados, teoria do perde-perde, números falsos, falsas oposições não são fortes o bastante para refutar este artigo. Muito menos maniqueísmos do tipo “a saúde é uma merda”. Falar isto é uma reclamação, não um argumento. Quer discutir o SUS, pegue números, pegue a distribuição de hospitais, UPAS, clínicas da família, de verbas e façamos uma discussão séria. Resmunguices de tia velha na janela não são argumentos e apenas alimentam um movimento que não tem pauta, não tem direção, é contra tudo e contra todos e não tem projeto para mudar o Brasil.