tag:blogger.com,1999:blog-65174877956227264272024-02-21T11:17:24.537-03:00Balbúrdia das letrasPágina de textos literários, políticos e filosóficos do escritor Roberto Ponciano.
Aqui é como se fosse minha casa, onde recebo meus amigos com café quente ou cerveja, dependendo do gosto.Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.comBlogger168125tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-53105859078534484712017-07-28T11:55:00.001-03:002017-07-28T11:55:25.570-03:00Balbúrdia das letras: O ódio ao Flamengo se assemelha muito ao ódio cont...<a href="http://balburdiadasletras.blogspot.com/2017/07/o-odio-ao-flamengo-se-assemelha-muito.html?spref=bl">Balbúrdia das letras: O ódio ao Flamengo se assemelha muito ao ódio cont...</a>: O ódio ao Flamengo se assemelha muito ao ódio contra Lula. Roberto Ponciano Tenho certeza que este artigo despertará dois ódios. O d...Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-33852313990568511932017-07-28T11:54:00.002-03:002017-07-28T12:35:58.105-03:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="font-size: 16.0pt; line-height: 150%;">O ódio ao Flamengo se assemelha muito ao ódio contra Lula.<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
Roberto
Ponciano</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Tenho certeza que este artigo despertará
dois ódios. O do povo da esquerda, anti-flamenguista, que efetivamente, não
gostará de ver seu ódio irracional ao Flamengo comparado aos ódios da direita.
De outro lado, aos direitosos flamenguistas, que não gostaram de ver o Flamengo
ser comparado a Lula. Se eu tivesse medo a ódios e amores não seria comunista,
me declararia uma besta quadrada “apolítica”. Antes de entrar na questão do Flamengo
é necessário rebater um truismo bem chatinho. A de que o futebol é alienação é
o ópio do povo. 99% das pessoas que usam a frase de Marx “a religião é o ópio
do povo” nunca leram “Crítica da filosofia do direito de Hegel”, repetem esta
frase para tudo, como se efetivamente a política socialista fosse criar um país
sem futebol, sem carnaval, sem arte, sem alegria. Creem que tudo que não seja
política é “alienação” (outro conceito que não dominam), e querem um socialismo
muito esquisito, sem futebol, sem samba, sem carnaval, sem arte, sem alegria.
Não me confundo com estes é esta defesa é tão tosca, que efetivamente não é
necessário um longo texto para rebater este tipo de pensamento. É o povo que
confunde os times de futebol com as elites que os dirigem, sem identificar
estes clubes como entidades de paixão popular, de movimento de torcedores sem
nenhuma outra intenção que não seja a colocação da libido numa paixão não
sexual, assim como confundem as escolas de samba, instituições comunitárias,
com os patronos contraventores. Sem entrar nesta polêmica, vou direto ao
assunto.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
O ódio ao Flamengo se nutre da mesma raiz
do ódio a Lula. É o ódio ao clube mais popular, mestiço, negro do país. A prova
disto é que as outras torcidas, todas, quando querem sacanear a torcida do
Flamengo cantam, “favela, favela, silêncio na favela”. Ou se referem a nós como
urubus. O urubu é uma referência à maioria negra da torcida do Flamengo,
torcida é claro, de todos os segmentos sociais, mas efetivamente a mais negra e
com maior número de favelados também. Assumimos o urubu, Henfil, socialista
convicto, tornou o xingamento, nosso mascote. Temos orgulho de sermos negros e
favelados. Assumimos a favela, cantamos nas vitórias, “favela, favela ,festa na
favela”. Este ódio de direita e de elite ao Flamengo, tem sido “racionalizado”
por alguns setores da esquerda tentando mostrar que na verdade o Flamengo seria
o time das elites, ou da Globo.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Por mais chata que seja a tarefa, é
importante rebater isto, porque uma mentira, dita mil vezes, acaba por se
tornar uma verdade “Goebbels’.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
O Flamengo, com certeza, não foi fundado
por nenhum global, até porque a fundação do Flamengo, em 1895, é muito anterior
à da Globo. E não, também não foi fundado por “rapazes da elite”. O bairro do
Flamengo, em 1895, não era um bairro da elite carioca, na verdade,
historicamente, a elite tinha se fixado no Centro e em São Cristóvão, e
começava timidamente uma migração para a Zona Sul. O Flamengo era um bairro
muito mais de classe média que da elite carioca e fluminense. A história da
fundação esta ligada a rapazes boêmios que se reuniram e decidiram comprar um
barco para rivalizar com os rapazes do Botafogo, o barco de terceira mão, foi
reformado e naufragou. Bem, as péssimas condições da primeira embarcação do Flamengo
bastam por si para contraditar qualquer ideia de clube “fundado pela elite”. É
bom lembrar que o remo era o esporte popular, e não o futebol. O futebol era um
esporte de elite, assim como o cricket, as regatas é que atraíam multidões para
a Baía de Guanabara. A popularidade do Flamengo vem do remo, antes mesmo do
futebol, que só vai se popularizar bem depois. Então, a ideia de um clube de
elite, desde a sua fundação, é fácil de ser descartada.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Já o futebol no Flamengo acontecer a partir
de uma dissidência do já elitista Fluminense. Boa parte do time campeão briga
com a direção e sai para o Flamengo, para fundar o departamento de futebol, que
já nasce forte, tanto que disputa o primeiro campeonato carioca em 1912 e já é
bicampeão em 1914 e 1915. O futebol do Flamengo era elitista? Sim, e no
Fluminense, no América, no Botafogo. Os único times de futebol populares da
época eram o Bangu e o extinto Andaraí, o Bangu já tinha jogadores negros da
fábrica de tecidos. O futebol era um esporte praticado por brancos, filhos da
elite, de forma amadora. Ele se populariza e passa a ser praticado pelo povo
negro e mestiço brasileiro só depois. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Daí vem o segundo truísmo, que algumas
pessoas da esquerda antropomorfizando algo que não aconteceu transformam em
truísmo. Os racistas e elitistas Fluminense, Botafogo e Flamengo teriam lutado
contra o democrático e operário Vasco da Gama. Esta visão romântica da história
do futebol no Rio de Janeiro vem muito dos artigos do excelente Mário Filho, o
irmão do Nélson Rodrigues, que no seu livro “o negro no futebol brasileiro”,
romantizou a questão, que está bem longe de ter sido uma luta contra o racismo.
Na verdade o primeiro clube a escalar negros no Brasil foi a Ponte Preta,
aliás, desde a sua fundação, bem antes de os times do Rio pensarem em escalar
um jogador negro. No Rio, o primeiro clube a escalar um jogador negro foi o
Bangu, ainda em 1905, com Carnegal. Botafogo Futebol Clube (extinto), o fez em
1908, o Fluminense, fez em 1915 e o Flamengo em 1917. O Vasco só cria um departamento
de futebol em 1915, toma no primeiro jogo de 10 x 1 do Palestino e só disputará
a primeira partida na primeira divisão em 1923 (não havia ascenso e descenso,
primeira e segunda divisão eram organizadas de acordo com o regulamento da
época, de acordo inclusive com a força dos clubes). Assim, até 1922 o Vasco não
tinha uma estrutura no futebol capaz de rivalizar com Botafogo, Fluminense e
Flamengo, a solução? </div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="color: #211f1f; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.5pt;">“Mas onde o Vasco entra na história? O clube originário da
colônia portuguesa já disputava regatas desde 1898. Este sim, era o verdadeiro
esporte das “multidões” aqui no Rio de Janeiro em fins do Século XIX/início do
XX. Em 1915, resolveu também criar um time de futebol. As primeiras
participações, com a equipe integrada por membros da colônia, tiveram
resultados pouco animadores: derrota de 10 x 1 para o Paladino, no primeiro
jogo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 0cm 0cm 11.25pt 110.55pt;">
<span style="color: #211f1f; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.5pt;">Os portugueses que patrocinavam o time viam entre os seus
empregados negros, nos muitos armazéns de secos e molhados, vários com bastante
habilidade desenvolvida no trato com a bola. Os lusos pagavam um “por
fora” aos seus empregados negros para disputarem os jogos com a camisa do
clube. Até os deixavam treinar, aliviando a jornada de trabalho deles. Isso por
volta de 1920</span><span style="color: #211f1f; font-family: "roboto"; font-size: 10.5pt;">.<a href="file:///C:/Users/rpg/Downloads/o%20%C3%B2dio%20ao%20Flamengo%20se%20assemelha%20muito%20ao%20%C3%B3dio%20contra%20Lula.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="color: #211f1f; font-size: 10.5pt;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Bem, resumindo, o mito da democracia racial
do Vasco é apenas um mito. O Vasco era um clube elitista como os demais, o que
o Vasco fez foi escalar um time com pé-de-obra negro, e depois lutar para
garantir que seu ótimo time fosse aceito pelos demais. O que não deixa de ser
progressista, mas que entra muito mais na história da luta do profissionalismo
contra o amadorismo do que na luta contra o racismo no futebol. Basta procurar
nos documentos da época, e se vê que não há nenhum manifesto contra o racismo,
que, aliás, não era uma luta que os clubes faziam na época. Efetivamente pode
se relacionar a luta pelo profissionalismo à luta pela emancipação do negro,
mas dizer que efetivamente foi esta luta é uma história contada a posteriori
com ares de verdade. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Então, afastados os mitos de que o Flamengo
foi criado por uma elite, ou que o Flamengo era um clube de elite que lutava
contra o democrático e progressista Vasco da Gama, podemos avançar um pouco
mais na história para tentar entender porque o Flamengo carrega tanto ódio.
Paixão não se explica, difícil entender como, dos quatro grandes da cidade, foi
o Flamengo que acabou sendo o preferido. Não pelos títulos, o Fluminense os
tinha em maior número, o Botafogo talvez tivesse os mais marcantes. O fato é
que foi se fixando a mítica de que o Flamengo era um time popular e crescendo a
torcida do Flamengo exatamente, em maior número nas camadas mais pobres da
população. Aí há um fenômeno muito interessante, de retroalimentação. O
preconceito por o Flamengo ser um time de pobres, de negros, retroalimentou a torcida
do Flamengo, fazendo que muitos pobres, negros, favelados, preferissem suas
cores. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Outros mitos são relacionados ao Flamengo.
Tirei um tempo para tentar rebater um a um. Um diz que “o Flamengo foi o time
da ditadura militar”. Já escutei várias pessoas de esquerda dizerem isto. Ao
contrário do Real Madrid, que até um estádio (o Santiago Bernabeu) ganhou de
Franco, o Flamengo nunca foi beneficiado por nenhum governo militar. O fato de
ditadores de plantão assistirem jogos do Flamengo, para tentarem se mostrar
populares, prova tão pouco quando o fato de José Serra assistir a um jogo do
Palmeiras, ou Lula assistir a um jogo do Corinthians. O Flamengo fez um jogo,
em 1979, pelas vítimas das enchentes no Maracanã, contra o Atlético MG, com a
renda revertida para estas vítimas, com a presença do General de plantão. Isto
prova… nada, absolutamente nada. Nenhum benefício, nem um acre de terra, nenhum
financiamento, nenhuma facilidade, nenhum envolvimento. Aliás, a FAF, a Frente
Ampla pelo Flamengo estava permeada de comunistas e socialistas, como Henfil e
o Flamengo lançou a Fla Anistia que foi recepcionar vários exilados nos
aeroportos. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Por último a mais tola de todas as
afirmações. “O Flamengo é o time da Globo” porque Roberto Marinho era
flamenguista. Dizer isto é dizer a mesma bobagem que alguns idiotas da direita
dizem, “o Corinthians ganhou a arena de presente do Lula”. As duas patetices
são do mesmo soez. Sim, ao que me consta, não só Roberto Marinho, como seus
filhos são flamenguista, e isto não significa… nada! O Flamengo nunca teve uma
vantagem indevida ou foi beneficiado pela Globo. É verdade, a FAF tinha um
diretor da Globo, Walter Clarck e o Flamengo recebeu nenhum centavo por isto.
Não foi uma relação como é da CREFISA com o Palmeiras, na qual a empresa
patrocina e injeta dinheiro no clube por causa da preferência clubística dos
seus donos, o Flamengo NUNCA RECEBEU UM CENTAVO DA GLOBO.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Apressadamente, alguns vão dizer que sou
maluco e mentiroso. Nem uma coisa e nem outra, direito de transmissão é pagamento
pela imagem do Flamengo. O Flamengo recebe da Globo por direitos que são seus.
Aliás, o Flamengo é duplamente pioneiro nisto, inimigo dos poderes
estabelecidos desde sempre, isto inclui CBD e CBF, o Flamengo foi o primeiro
clube do Brasil a enfrentar a Globo e exigir que fossem pagos os direitos de
transmissão dos jogos. <a href="file:///C:/Users/rpg/Downloads/o%20%C3%B2dio%20ao%20Flamengo%20se%20assemelha%20muito%20ao%20%C3%B3dio%20contra%20Lula.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="ncoradanotaderodap"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="ncoradanotaderodap"><span style="font-family: "liberation serif" , "serif"; font-size: 12.0pt;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="color: #0c0004; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">“O esquema
em vigor no final dos anos 1970 era o seguinte. A antiga TV Educativa, que era
a emissora oficial, tinha o direito exclusivo de captar as imagens dos jogos e
enviar o sinal para as emissoras privadas. Ou seja, a Globo, que comercializava
aquele sinal gratuito da TV Educativa, ganhava dinheiro, e os clubes não
recebiam nada. (…) Quando assumi a presidência do Flamengo, a participação dos
clubes e dos jogadores já era regulamentada, embora de forma talvez incipiente,
pela Lei 5.988, de 1973, que introduziu o conceito de direito de arena no
Brasil. Segundo o texto do dispositivo legal, pertencia às entidades de prática
desportiva o direito de negociar, autorizar e proibir a fixação, a transmissão
de imagem de espetáculo ou eventos desportivos que participem. Acontecia,
porém, que essa lei nunca havia sido cumprida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm;">
<span style="color: #0c0004; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">Desde o dia 1o de novembro, tentávamos negociar com a
Globo uma fórmula que beneficiasse tanto o clube quanto a emissora. O fato é
que, no final das contas, fracassamos na nossa negociação, não conseguimos
comercializar a partida. Aí, só nos restava recorrer à justiça para fazer
cumprir a lei. E foi o que fizemos. (…) Nossa reivindicação era a mais justa do
mundo, e exatamente por isso não tivemos dificuldade de obter uma decisão
favorável à nossa causa. Segundo o despacho do juiz, já que o produto não tinha
sido comercializado, não podia ser transmitido. E assim nos concedeu o
interdito proibitório que tínhamos solicitado, vetando o ingresso do
equipamento da TV Educativa no Maracanã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm;">
<span style="color: #0c0004; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">Além dos dirigentes do clube, oficiais de justiça e
policiais se postavam em torno do estádio para impedir a entrada dos
funcionários da TV Educativa com seu maquinário. E a lei foi cumprida, eles não
entraram mesmo! Reconheço que acabamos com a festa televisiva. Frustramos
milhões de telespectadores em todo o país que queriam assistir ao Fla-Flu. E a
imprensa também. Jornalistas brigando, me xingando, uma confusão danada. Mas ao
mesmo tempo tínhamos consciência da importância daquele gesto histórico para os
esportes no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt 4cm;">
<span style="color: #0c0004; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">O que posso dizer é que a terra tremeu naquele dia.
Primeiro, porque estávamos mexendo com os donos do poder pois a TV Educativa
era do governo. E depois, com o dono da TV Globo, que àquela altura era tão
poderoso quanto os militares que mandavam no país.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
A contrário sensu do que se diz, o
Flamengo, que foi oposição à CBD, comprou a briga com a Globo e ganhou, o que
inaugurou a era de recebimento de direitos de arena pelos times no Brasil.
Então, o que a Rede Globo vem pagando ao Flamengo, e aos outros clubes desde
então, vem de uma luta liderada pelo Flamengo e não é “dinheiro da Globo pago
ao Flamengo”, mas uma pequena quota-parte do que a empresa fatura ao vender a
imagem que é do clube. Portanto, fora isto, não há nenhum “beneficiamento” do
Flamengo pela Globo, até porque, o Flamengo nunca foi beneficiado em campo por
nenhum esquema da Globo, como o vitimismo, junto com o ódio de alguns teima em
inventar. O Flamengo lutou contra a Globo e a CBD em 1977; O Flamengo lutou
contra a CBF em 1987 e inaugurou a era da modernidade no futebol brasileiro,
com a fundação do Clube dos 13. O Flamengo pagou caro por esta ousadia.
Enquanto Ricardo Teixeira inventou e dividiu títulos de papel entre clubes por
campeonatos brasileiros que nunca forma disputados, o Flamengo é até hoje
punido pela ousadia em 1987. No contrato, em que os próprios clubes geriram o
campeonato brasileiro, todos os clubes foram beneficiados e receberam direitos
de imagem, patrocínio e até passagem aérea. Aliás, todos não, o Flamengo não
foi patrocinado pela Coca-Cola, patrocinadora da Copa União pela Globo, que
bancou todos os times, menos o Flamengo, porque este tinha contrato próprio. De
verdade, em 1987, todos os times foram bancados pela Globo, menos o Flamengo,
que só recebeu direitos de imagem.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Estranho time da Globo que nunca recebeu
patrocínio da emissora! </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 2.0cm; text-justify: inter-ideograph;">
Um último argumento sobra, talvez contra o
Flamengo, para provar que ele “é o time da Globo”, já que, ser o time das
elites, ou o time da ditadura militar, já conseguimos provar que é uma ilação
sem provas. O que alguns dizem, para “provar” que o Flamengo é beneficiado pela
globo é “O Flamengo e o Corinthians recebem muito mais do que os outros clubes
e são contra a igualdade das cotas”. Bem, comecemos pelo final. Os outros
clubes não querem igualdade de cotas, querem receber como o Flamengo recebe. O
Vasco não luta para que Vasco e Atlético Goianiense recebam uma cota como a do
Flamengo, luta para receber uma cota igual a do Flamengo, e quer que o Atlético
Goianiense se lasque. Esta é a grande verdade. A questão é bem outra, o direito
de imagem, tanto na TV aberta, quanto na fechada está ligada à audiência.
Partindo deste pressuposto o Flamengo recebe muito menos do que vale. A atual
equação para pagamento de cotas é tríplice, ligada a um índice técnico de
colocação no torneio, mais uma cota em faixas de ibope, mais uma cota fixa.
Sim, o Flamengo recebe a mais, não o Flamengo não recebe muito a mais com
relação ao que gera de receitas para a TV. Só a título de comparação, o jogo
Flamengo x Fluminense na decisão do carioca de 2017 teve um Ibope de 60% das televisões
ligadas no Rio de Janeiro, o de Vasco e Botafogo, em 2016, não chegou a 35%. Os
valores que o Flamengo recebe a mais são muito menores do que o que valem pela
exposição que a marca provoca. Fingir não entender isto é apenas se
infantilizar para continuar a gritar “o Flamengo é o time da Globo”, e pensar
conseguir convencer alguém. E muito de ódio de classe, o mesmo que afeta Lula,
por o Flamengo ser um time popular, negro e favelado, disfarçado num discurso
pseudo-esquerdista que muge “o futebol é o ópio do povo” ou a bobagem de “o
Flamengo é o time da Globo”. Dois mitos, fáceis de serem descartados.</div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="FootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/rpg/Downloads/o%20%C3%B2dio%20ao%20Flamengo%20se%20assemelha%20muito%20ao%20%C3%B3dio%20contra%20Lula.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-family: "liberation serif" , "serif"; font-size: 10.0pt;">[1]</span><!--[endif]--></a> http://www.fimdejogo.com.br/blog/2013/06/25/ai-e-outra-historia-o-vasco-escalou-o-primeirojogador-negro/</div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="FootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/rpg/Downloads/o%20%C3%B2dio%20ao%20Flamengo%20se%20assemelha%20muito%20ao%20%C3%B3dio%20contra%20Lula.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><!--[if !supportFootnotes]--><span style="font-family: "liberation serif" , "serif"; font-size: 10.0pt;">[2]</span><!--[endif]--></a> http://www.mundorubronegro.com/flamengo/marcio-braga-tv</div>
</div>
</div>
</div>
Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-77726796769557879182017-07-03T14:37:00.002-03:002017-07-28T11:54:32.992-03:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Ideologia em Gramsci através de Marx.<br />
Roberto Ponciano<br />
<br />
Antônio Gramsci é muito citado nas discussões de hegemonia, bloco histórico, Estado,
luta de classes. Mas, raramente, uma das parres mais fecundas do seu trabalho, a discussão sobre
ideologia, é citada, discutida, ou ensinada. No livro inicialmente publicado no Brasil como
“Concepção dialética da história”, e hoje encontrado no volume 1, dos cadernos do Cárcere, como
“Introdução ao estudo da filosofia”, Gramsci trabalha questões metodológicas muito importantes
para o estudo de Marx. Entre estas questões, destacamos, a preocupação de não tentar popularizar o
marxismo “vulgarizando-o”, ou seja, rebaixando-o de uma concepção dialética do mundo para uma
concepção mecanicista (podemos comparar esta preocupação ao alerta que Lênin fazia de que os
operários não eram crianças, e que não devíamos rebaixar a dialética para fazê-la compreensível).
Pode-se dizer que ambos tem uma concepção semelhante, a de elevar o nível cultural das massas,
em lugar de rebaixar o marxismo para o fazer “inteligível”.
Nosso objetivo neste material não é fazer uma resenha do livro, antes apenas alguns
apontamentos didáticos para uma abordagem inicial do que seria “ideologia” para um marxista. A
primeira coisa a ressaltar é que o homem, para os marxistas, é um processo imanentista. Só que, ao
contrário do imanentismo cristão, que faz derivar a humanidade de uma sacralidade do homem, e
para isto faz mister uma re-ligação, uma re-ligião para romper com a “alienação” (sim, pasmem, o
termo “alienação”, a nós tão caro, tem início na religião),<br />
Marx, e todos os marxistas, descobre a
humanidade na práxis, no trabalho:1<br />
¨O pressuposto de toda história humana é, naturalmente, a existência de indivíduos
humanos vivos. ¨o primeiro fato a considerar é, pois, a organização corporal desses indivíduos e,
por meio desta, sua relação dada com o restante da natureza. Naturalmente não podemos abordar
aqui, nem a constituição física dos homens, nem as condições naturais, geológicas, orohidrográficas,
climáticas e outras condições já encontradas pelos homens. Toda historiografia deve
partir destes fundamentos naturais e de sua modificação pela ação dos homens no decorrer da
história.
Pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou pelo que
se queira. Mas eles mesmos começam a se distinguir dos animais tão logo começam a produzir
seus meios de vida, passo que é condicionado pela sua organização corporal. Ao produzir seus
meios de vida, os homens produzem, indiretamente, sua própria vida material.
O modo pelos quais os homens produzem seus meios de vida depende, antes de tudo, da
própria constituição dos meios de vida já encontrados e que eles tem de reproduzir. Esse modo de
1 Não inseri, de propósito, a norma da ABNT na formatação das citações, para facilitar a leitura em aula. Assim, para
destacar que é citação, coloquei as citações em itálico. Peço desculpas por esta libertinagem.
produção não deve ser considerado meramente sob o aspecto de ser a reprodução da existência
física dos indivíduos. Ele é muito mais, uma forma determinada de sua atividade, uma forma
determinada de exteriorizar sua vida, um determinado modo de vida desses indivíduos. Tal como os
indivíduos exteriorizam sua vida, assim são eles. O que eles são coincide, pois, com o modo como
produzem. O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais da sua produção.
(Karl Marx e Friedrich Engels, A ideologia alemã, pp. 87-88, Boitempo, São Paulo, 2007, tradução
de Ruben Enderle, Nélson Scheneider e Luciano Cavini Martorano).
Gramsci compreende esta relação intrínseca da práxis. A prática cega inexiste, todo
trabalho é elaborado por uma “prévia-ideação”. Como diria Marx, o fazer da mais zelosa abelha não
tem o intuito racional, abstrato do trabalho humano do mais bruto artesão. Assim, a consciência
também é um processo social derivado da práxis, ela mesmo é práxis social (não um mero reflexo
passivo). Assim, todo trabalho, por mais braçal que seja, tem sempre um quantum de abstração e
ideação. A separação entre trabalho material e trabalho intelectual, tão desenvolvida no capitalismo,
nunca é absoluta, seja porque todo trabalho manual é, sempre, intelectual também, sendo porque, a
tão propalada independência e neutralidade dos intelectuais é uma ilusão, a consciência é também
um processo social e material, sendo um processo derivado de uma sociedade de classes ele é um
processo parcial e classista também, nunca imparcial ou “isento”.
“O fato é, portanto, o seguinte: indivíduos determinados, que são ativos na produção
de determinada maneira, contraem entre si estas relações sociais e políticas determinadas. A
observação empírica tem de provar, em cada caso particular, empiricamente e sem nenhum tipo de
mistificação ou especulação, a conexão entre a estrutura social e política e a produção. A estrutura
social e o Estado provêm constantemente do processo de vida de indivíduos determinados, mas
desses indivíduos não como podem aparecer na imaginação própria ou alheia, mas sim tal como
realmente são, quer dizer, tal como atuam, como produzem materialmente e, portanto, tal como
desenvolvem suas atividades sob determinados limites, pressupostos e condições materiais de vida,
independente de seu arbítrio.
A produção de ideias, de representações, da consciência, está, em princípio,
imediatamente entrelaçada com a atividade material e com o intercâmbio material dos homens,
com a linguagem da vida real. O representar, o pensar, o intercâmbio espiritual dos homens ainda
aparecem, aqui, como emanação direta do seu comportamento material. O mesmo vale para o
processo de produção espiritual, tal como ele se apresenta na linguagem da política, das leis, da
moral, da religião, da metafísica de um povo. Os homens são os produtores de suas representações,
de suas ideias e assim por diante, mas os homens reais, ativos, tal como são condicionados por um
determinado desenvolvimento de suas forças produtivas e pelo intercâmbio que a ele corresponde,
até chegar às suas formações mais desenvolvidas. A consciência (Bewuststsein) não podia jamais
ser outra coisa se não o ser consciente (bewust Sein), e o ser dos homens é o seu processo de vida
real. Se em toda ideologia, os homens e suas relações aparecem de cabeça para baixo, como numa
câmara escura, este fenômeno resulta do seu processo histórico de vida, da mesma forma como a
inversão dos objetos na retina de seu processo imediato físico”. (Karl Marx e Friedrich Engels, A
ideologia alemã, pp. 87-88, Boitempo, São Paulo, 2007, tradução de Ruben Enderle, Nélson
Scheneider e Luciano Cavini Martorano).
Assim, já podemos avançar para duas discussões importantes de Marx em Gramsci. A
primeira sobre a ideologia como superestrutura. A estrutura material é que determina, “em última
instância” (guardem esta ÚLTIMA INSTÂNCIA) a vida espiritual. Como marxista, como
materialista, como monista, Gramsci parte dos mesmos pressupostos de Marx2
, de que a vida
material é que determina a consciência. Mas, como dialético, Gramsci observa que esta vida
espiritual tem determinações próprias e autônomas, a vida espiritual, as superestruturas, são, em
última instância, também criações materiais e sociais. Assim, nas determinações dialéticas do todo
contraditório, os opostos trocam incessantemente de lugar, como acaso e necessidade. A política é
determinada em “última instância” pela economia. Mas as decisões políticas também mudam o
rumo econômico, assim como o direito e reflexo teórico da vida econômica, mas suas restrições
coercitivas também tem impacto econômico e podem influenciar na vida econômico.
Este entendimento de uma certa autonomia das instâncias da superestrutura oxigena o
marxismo, de um lado faz o alerta mostrando que o entendimento do processo de reprodução de
vida material não é meramente econômica. A ÚLTIMA INSTÂNCIA (lembram que eu pedi para
guardarem o nome), não é um determinismo mecanicista restrito, como se a economia por si só
criasse toda a vida espiritual: religião, teatro, música, moda, etc. O conjunto das determinações das
instâncias deve ser entendido e elaborado para se fazer análise de conjuntura. Contrabandeando uma
ideia que não é gramsciana, mas que bem podia ser, que está na crítica que Sartre faz ao marxismo,
há um certo tipo de “marxismo” que transformou a prévia ideação e a análise numa abstração
retórica estéril, na qual tudo tem que se encaixar a modelos fechados anteriores marxistas (como
aqueles brinquedinhos de criança de encaixe do jardim da infância). Se a realidade não se adapta à
conjuntura, dane-se a realidade. Gramsci traça uma linha de fuga, mostrando que o termo ÚLTIMA
INSTÂNCIA não é um mero acaso em Marx, mas a demonstração que há uma correlação dialética e
funcional de todas as instâncias e elementos. Por isto ele demonstra na obra citada, que não é
possível fazer uma análise determinista de conjuntura prévia, porque os elementos qualitativos e
quantitativos mudam incessantemente de lugar, nos surpreendendo. A crítica conjuntural a uma
determinada tarefa do movimento diante do enfrentamento de classes é, antes de tudo, práxis
coletiva. Não que não se possa e não se deva fazer análise de conjuntura, mas esta nunca deve ser
2 Como são anotações de aula e não uma artigo acadêmico, fiz apenas 3 citações de Marx e nenhuma de Gramsci,
mas toda a problematização é feita do texto citado de Gramsci, no início do trabalho.
mecanicista, definitiva e determinista. Utiizando-se da linha de fuga dialética a um determinado tipo
de “marxismo” fechado, dizemos sim, somos marxistas, à bela provocação que Sartre faz em seu
artigo “o existencialismo é um humanismo”, quando acertadamente crítica um certo mecanicismo
marxista.
A segunda discussão é que esta vida espiritual, por mais que tenha uma instância
autônoma, é sempre e sempre e sempre alicerçada na vida material. Numa estrutura de trabalho
alienado e expropriado. Assim, as produções materiais-espirituais-sociais nunca são “neutras ou
imparciais”. De novo pegando e contrabandeando Sartre (que não devia estar nesta aula, mas o
formador é pouco ortodoxo e menos ainda disciplinado), o homem está condenado à liberdade.
Nesta frase, no fundo, Sartre acaba tangenciando a famosa frase hegeliana repetida por Marx,
“liberdade é a descoberta da necessidade”. Como materialista, Gramsci não coloca esta determinada
autonomia das instâncias como algo imaterial e volitivo. A consciência social é produzida, é
verdade, mas todo homem materialmente constituído está condenado à racionalidade.
Ou seja, como diz Gramsci, “todo homem é um filósofo”. Todo homem tem uma
cosmogonia, a prova mor de que todo homem é um filósofo é a linguagem, que não é um conjunto
vazio de símbolos, antes um produto social herdado e aprendido socialmente, e que sempre é uma
forma de representar o mundo. Assim, a autonomia das instâncias não está no etéreo, mas na sua
existência no mundo prático dos homens, do qual, cada pessoa, mais ou menos “alienada”, sempre
tem uma ideia concreta e total. A linguagem das coisas abstratas mostra a necessidade de
racionalização e de se ordenar o mundo internamente. “Deus”, “amor”, “pátria”, “lealdade”,
“socialismo”, são todos conceitos complexos que corporificam, ao fim e ao cabo, ideias sociais.
Gramsci explica, e faz a síntese, o homem é um tripé. Ele é:
1. Sua constituição biológica, o ser em si do homem;
2. Um ser social, o homem só se faz homem através da dialética social;
3. Sua relação com a natureza, que não é relação contemplativa, antes é uma relação
material, de indústria.
Neste tripé, Gramsci vai montando sua explicação sobre ideologia. Se todos os homens
são filósofos, todos os homens são ideólogos de alguma ideologia. Não quer dizer que todos os
homens tenham consciência disto, ou que ordenem de forma coerente seu pensamento. Em todos os
homens, há reflexos da ciência mais avançada e dos preconceitos mais atávicos. Cremos que
avançamos um pouco na explicação da ideologia, primeiro como reflexo invertido do mundo, e,
desta forma sempre limitada, social, datada no tempo e no espaço. Sim, datada no tempo e no
espaço, toda ideologia está condenada à morte, inclusive a marxista. Todavia, a marxista só morrerá
quando morrer junto seu objeto de estudo e combate, o capitalismo. Enquanto houver capitalismo, o
marxismo será (novamente parafraseando Sartre), a única filosofia viva, já que é o único método
capaz de explicar os processos sociais da reprodução ampliada da mais valia e do trabalho alienado.
A produção da vida material é a produção do mundo dos homens:
“(…) Devemos começar por constatar o primeiro pressuposto de toda a existência
humana e também, portanto, de toda a história, a saber, que os homens têm estar em condições de
viver para “fazer história”. Mas para viver é necessário comida, bebida, moradia, vestimenta e
algumas coisas mais. O primeiro ato histórico é, pois, a produção dos meios de para a satisfação
dessas necessidades, a produção da própria vida material, e este é, sem dúvida, um ato histórico,
uma condição fundamental de toda a história, que ainda hoje, assim, como há milênios, tem de ser
cumprida diariamente, a cada hora, simplesmente para manter os homens vivos. Mesmo que o
mundo sensível, como em São Bruno, seja, reduzido a um cajado, e um mínimo, ele pressupõe a
atividade de produção desse cajado. A primeira coisa a fazer em qualquer concepção histórica é,
portanto, observar este fato fundamental em toda sua significação e em todo o seu alcance e a ele
fazer justiça. (…).
O segundo ponto é que a satisfação dessa primeira necessidade, a ação de satisfazê-la
e o instrumento de satisfação já adquirido conduz a novas necessidades - e estas produção de
necessidades constitui o primeiro ato histórico. (Karl Marx e Friedrich Engels, A ideologia alemã,
pp. 32-33, Boitempo, São Paulo, 2007, tradução de Ruben Enderle, Nélson Scheneider e Luciano
Cavini Martorano).
Cremos que avançamos um pouco na discussão, que será melhor clarificada na sala de
aula. Recapitulando e tecendo a trama:
I. O mundo dos homens é produzido material e socialmente pelos homens.
II. A produção do mundo material dos homens cria novos instrumentos e novas
necessidaades, ao fazer isto, os homens produzem sua práxis histórica.
III. A base material é que determina em última instância a consciência social, ou seja a
estrutura produz a super-estrutura.
IV. A base material não produz mecânica ou diretamente cada instância das
superestruturas, estas instâncias têm sua autonomia (não independência), mas são determinadas, em
ÚLTIMA INSTÂNCIA, pela vida material.
V. Nas análises mecanicistas as várias instâncias da vida material são ignoradas, um
certo tipo de marxismo religioso e mecanicista é criado, o que não tem nada que ver com a dialética
marxista.
VI. A ideologia é reflexo social criado nesta jogo de co-determinação das instâncias. A
ideologia e o pensamento também são produtos sociais.
VII. O homem que cria o mundo material do homem, também é o portador, sujeito
ativo-passivo da ideologia.
Bem, feita a recapitulação acima, podemos avançar. Como diz meu amigo de além-mar,
Carlos Carujo: “A dialética é como a coca-cola, na primeira vez, se estranha, nas outras, continua se
estranhando”. Ao mesmo tempo que Gramsci diz “todos os homens são filósofos”, ele no segundo
momento diz “nem todos os homens são filósofos”. É bom lembrar que o princípio da nãocontradição
da lógica aristotélica não é inteiramente aplicável na dialética E se pode dizer, sem ser
um abestado, todo homem é filósofo e, no momento seguinte, nem todo homem é filósofo.
Gramsci vai dizer duas coisas muito importantes nesta segunda frase, ao negar que
todos sejam filósofos. Primeiro ele vai mostrar que a Filosofia é também um saber próprio,
científico, com regras racionais próprias e que, neste sentido, poucos homens são filósofos. E
Grasmci vai propor coisas ainda mais intrigantes, ele vai propor que o “marxismo, num primeiro
momento, não passa de um preconceito na cabeça do operário¨. É muito importante compreender o
que Grasmci está dizendo. Gramsci via, nos exercícios de vulgarização, que até podiam ser bem
intencionados, os riscos de rebaixamento do método dialético. A massificação de um certo
marxismo mecanicista, podia levar ao messianismo ou ao fatalismo. Duas faces da mesma moeda, d
um determinado tipo de “marxismo” que vai buscar na “análise” aquilo que previamente já sabia.
Ao dizer que o marxismo no início é apenas um preconceito, ele faz o desafio de que a
aprendizagem da dialética é um desafio cotidiano e que vai durar só a vida inteira de quem se
interessar em aprendê-la. Em lugar de vulgarizar e rebaixar o marxismo, para ser entendido pelas
massas, trabalhar as massas para ultrapassar a barreira do bom-senso e do senso-comum. Ao dizer
que nem todos são filósofos, ainda que é desejável que todos sejam, esta afirmação tem várias
implicações. A primeira da necessária e permanente formação das massas, já que, segundo Grasmci,
o marxismo só poderá ser vitorioso quando tiver a força da religião, sem que se produção a secção
que ele observara na igreja católica entre a religião dos intelectuais e a da plebe. Longe de um
partido e poucos intelectuais e de uma massa conduzida, Gramsci defende a disseminação do
método entre os trabalhadores. Não que ele fosse obreirista ou desdenhasse a cultura, mas não é do
interesse desta aula o papel que Gramsci dá ao intelectual orgânico.
Em segundo lugar, do dizer que nem todos são filósofos, e que o marxismo é, num
primeiro momento, só um preconceito que substitui outros preconceitos, fica claro o alerta da
necessidade de superação do bom-senso e do senso comum, rumo a um entendimento mais racional
do mundo. Assim, para Gramsci marxismo e ciência são irmãos siameses, o estudo da dialética
serve para a superação dos preconceitos, mecanicismos, compreensões rasas e simplificadas do
mundo. A dialética é a própria ciência mais avançada e com ela tem que dialogar (a dialética
marxista é a ciência mais avançada, mas não é toda a Ciência.
Assim, como todos somos filósofos, com nossas limitações e com o desejo de sermos
filósofos na acepção mais técnica, fica claro que todos somos parciais, partidários, classistas,
políticos, quer queiramos ou saibamos ou não. Como a ideologia é uma produção social no tempo e
no espaço, feita coletivamente pelos homens, todos os homens estão submetidos a ela. Mesmo os
intelectuais que tem a ilusão da “neutralidade” (ilusão dada pela especialização de determinados
ramos do saber produzida pelo capitalismo).
Cabe a nós sermos homens-massa da ciência ou da política mais avançada, ou
regredirmos a formas de consciência reacionária ou preconceitos atávicos.
Roberto Ponciano – Mestre em Filosofia (UGF), Mestre em Letras Neolatinas (UFRJ),
Especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo (CESIT-UNICAMP).</div>
Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-75999987702862895142017-06-26T20:36:00.001-03:002017-06-26T21:07:45.119-03:00Um ateu num avião caindo continua ateu<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
"Todo mundo é ateu até o avião começar a cair". Me diz um amigo, com ar grave de seriedade e superioridade, como este fosse o argumento definitivo sobre o ateísmo. Num tempo de trevas, venda de indulgências, fanatismo, obscurantismo e proto-fascismo, é bom que os ateus saiam do armário e argumentem de forma racional.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como filósofo e pesquisador, este argumento emotivo e raso, não mereceria muito minha atenção. Mas como é o argumento que pretendem ser o "definitivo" contra os ateus e todo e qualquer tipo de pensamento cético, vale a pena tecer algumas considerações sobre ele.</div>
<div style="text-align: justify;">
O argumento que parece ser uma forte afirmação e colocar todos os ateus de joelhos, clamando por padres, pastores, batismos e extrema unção, na verdade, se volta completamente contra a fé de quem o produz. Se não, vejamos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Quem diz: "todo mundo é ateu até o avião começar a cair", na verdade, projeta no outro seus próprios desejos e medos. Ou projeta no ateu a fé numa instância metafísica que fará o motor do avião voltar a funcionar, do nada, ou, na pior das hipóteses, o conduzirá a uma vida eterna de prazeres indizíveis. Mas se o medo é o motivo para a fé, em lugar de depurar a fé e colocá-la numa instância elevadíssima, o que faz, quem diz este frase, é se colocar no mesmo nível das baratas. Sim, das baratas, meu caros.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, Eros e Tanatos, são nossas pulsões básicas, de prazer e conservação. Até Eros se curva a Tanatos, o princípio do prazer se contrai diante do medo da morte e, por um instinto de conservação, o ser humano pode abdicar de tudo, do prazer à integridade moral (basta lembrar das delações premiadas fantasiosas do juiz Sérgio Moro, o medo de uma existência circunscrita a um cubículo, leva a pessoas a inventarem histórias fantásticas). Então, o instinto de sobrevivência que faz uma barata fugir correndo do chinelo, ou voar: ou um rato se meter em um buraco, ou saltar sobre seu agressor, como medida última, é o mesmo instinto atávico, primordial, elaborado em fé. Diante da morte e da impotência contra ela, em lugar de voar ou entrar num buraco, como ratos ou baratas, imaginemos que não morreremos. Venhamos e convenhamos, o medo da morte não é lá um argumento muito bom ou razoável contra o ateísmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
O deísta projeta no ateu o mesmo medo que sente da morte e aí ele está certo. Sim, todos sentimos medo da morte, ateus e deístas. De outro lado ele erra de muito, o medo da morte não é elaborado em todas as pessoas da mesma forma como a libido também não o é. Isto desde sempre, bastamos lembrar de Epicuro e sua tranquilidade ateia diante da morte. O argumento que parecia ser definitivo se voltou contra a fé. Se a fé é só medo, não é fé, é medo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Uma religião de medo não e capaz de dialogar com nenhum ateu razoavelmente inteligente. O medo atávico da morte não é elocubrado como fé de forma igual, assim como a libido não é igual em todas as pessoas. Existem pessoas cuja libido a leva a uma atração fortemente heterossexual, outras indiferentemente a um sexo ou outro, tem atração bissexual e um grande grupo tem atração homossexual e se realizam plenamente com pessoas do mesmo sexo. Pensar que a única forma de reagir diante da morte é acreditar numa vida pós túmulo com alguma recompensa de uma divindade é incorrer no mesmo erro que alguns heterossexuais homofóbicos reagem diante do prazer gay.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há mil formas de libido, de Eros, há diversas formas de reagir a Tanatos, morte. Nem todo mundo transforma seu medo num paraíso e num pai protetor.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aliás, deístas inteligentes não ousam esgrimir este argumento, que reduz fé a medo e um crente numa barata ou num rato.</div>
<div style="text-align: justify;">
Há melhores argumentos em defesa da fé.</div>
</div>
Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-35679657051114534122017-05-29T11:53:00.001-03:002017-05-29T11:53:42.132-03:0018799561 1916607691928027 7977859674525401088 n<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/GcfLTNI6yDs" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-58284023818629232442017-05-05T21:35:00.001-03:002017-05-05T21:35:23.982-03:0018312134 438791656513309 4474156544224657408 n<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/FRpkynOxArM" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-18666057823849321192017-04-12T14:51:00.001-03:002017-04-12T14:51:06.423-03:00Ato contra o Estado de Exceção e contra o "crime" de pensar<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/5aLQYjvn4d4" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-41353784200260565972017-04-03T17:20:00.001-03:002017-04-03T17:20:41.708-03:00Curso MARXISMO A LUZ DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA Part 1<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/LQYY4b3HZW4" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-17254276935365821522017-03-29T20:18:00.001-03:002017-03-29T20:18:21.148-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 05...<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/wlTkAQ3sbJE" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-82423560396513954482017-03-29T20:16:00.001-03:002017-03-29T20:16:29.013-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 04<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/xLkV_G0uCPc" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-60296837922315529102017-03-29T20:14:00.003-03:002017-03-29T20:14:38.611-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 02<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/c19dPdvtrR0" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-76561629192290955932017-03-29T20:14:00.001-03:002017-03-29T20:14:37.491-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 02<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/c19dPdvtrR0" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-50456269780790186252017-03-29T20:08:00.001-03:002017-03-29T20:08:57.840-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 01<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/znPjSZbFYv0" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-36045793516081585652017-03-29T17:27:00.001-03:002017-03-29T17:27:15.012-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 03<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/bdiif6Jyxck?list=PLcVaBDudW0wlCpyO54iy8LzQvr1pB-Ou-" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-50239849357138618962017-03-29T17:19:00.001-03:002017-03-29T17:19:06.892-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 04<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/xLkV_G0uCPc?list=PLcVaBDudW0wlCpyO54iy8LzQvr1pB-Ou-" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-30732221185672306702017-03-29T17:15:00.003-03:002017-03-29T17:15:42.420-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 03<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/bdiif6Jyxck?list=PLcVaBDudW0wlCpyO54iy8LzQvr1pB-Ou-" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-31986560406409646692017-03-29T17:15:00.001-03:002017-03-29T17:15:41.376-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 03<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/bdiif6Jyxck?list=PLcVaBDudW0wlCpyO54iy8LzQvr1pB-Ou-" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-35977755389123786182017-03-29T17:14:00.001-03:002017-03-29T17:14:33.348-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 01<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/znPjSZbFYv0?list=PLcVaBDudW0wlCpyO54iy8LzQvr1pB-Ou-" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-69113016836588476192017-03-29T17:12:00.001-03:002017-03-29T17:12:17.935-03:00ESPANHOL É NO MULTIPLUS - PROF. ROBERTO PONCIANO - 16.03.2017 - PARTE 02<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/c19dPdvtrR0?list=PLcVaBDudW0wlCpyO54iy8LzQvr1pB-Ou-" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-63327575442092175662017-03-14T11:36:00.001-03:002017-03-14T11:36:18.383-03:00Curso de Espanhol<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/n8FQ3REygK8" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-33589420920267349092016-10-01T08:55:00.001-03:002016-10-01T08:55:05.834-03:004º AULA - CURSO MARXISMO - PROF. ERNESTO<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/Z7vnTQg94sM" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-46536145507296225962016-10-01T08:36:00.001-03:002016-10-01T08:36:33.033-03:003º AULA - CURSO MARXISMO - PROF. PONCIANO<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/Hx4nNbKlYqk" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-17819980909280616562016-10-01T08:29:00.001-03:002016-10-01T08:29:46.685-03:002º AULA - CURSO MARXISMO - PROF. PONCIANO<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/_9QFd4kJK30" width="480"></iframe>Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-1830376670065583662016-03-19T16:18:00.001-03:002016-03-19T16:59:55.476-03:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<h2 style="text-align: left;">
<b>Moro, Eichman e a banalidade do mal</b></h2>
<br />
<div style="text-align: justify;">
O mais assustador no que está acontecendo no Brasil não é uma questão apenas política, e ver que em poucos meses, uma democracia que demorou 20 anos para ser reconstruída pode se esfumar. Alain Badiou deixou claro em sua obra, que a negligência, a omissão de quem tem o dever de atuar, dos intelectuais e militantes políticos diante de um Evento é imperdoável. Não é simples omissão, é cumplicidade, é criminoso. O assustador desta história é que o juiz Sérgio Moro não é um grande ator político, ao fim e ao cabo Moro é um Zé Ninguém (na acepção inclusive reicheana da miséria psíquica), um juiz de visão política turva, nenhuma envergadura intelectual, com inteligência limitada e visão zero de sociedade. Um mero Eichman, executor das ordens superiores. No momento não sabemos claramente de quem, mas efetivamente desconfiamos da cumplicidade. De certo, do próprio Jannot, o Procurador Geral da República, que deveria ter como dever ser o defensor da lei, mas tendo conhecimento dos pérfidos grampos de Moro, se não os autorizou, ratificou sua "legalidade".</div>
<div style="text-align: justify;">
O tragicismo tragicômico deste enredo e que nem um dos dois, nem Moro, nem Jannot tem qualquer dúvida que estão perpetrando uma ilegalidade. Os grampos nos telefones de Lula, Dilma, Jacques Wagner, Rui Falcão não tem nada que ver com a Lava-jato. Fariam corar de vergonha ou inveja os tribunais de exceção de nazista e o senador Joseph McCarthy. Ambos sabem que as escutas são ilegais e imorais e são claramente persecutórias de um partido. Hannah Arendt, ao acompanhar o julgamento de Eichman cunhou a famosa frase que é toda uma teoria "o mal é estrutural". O mal se torna banal quando um simples burocrata medíocre como Eichman é capaz de, sem sentir culpa ou remorso, fazer parte da engrenagem do mal.</div>
<div style="text-align: justify;">
Moro é Eichman, um burocrata medíocre, de passado obscuro e de futuro tenebroso. Não entra na história como herói, mas pela porta dos fundos, como um obscuro juiz camisa negra cujo único objetivo e despachar os vagões cheios de prisioneiros vermelhos. Para que o mal seja banalizado, como nos ensinou Levinas, é fundamental que o inimigo seja desumanizado. Em todos os julgamentos de tribunal de exceção, antes de tudo é necessário retirar a humanidade do outro. E para que não tenham dúvida, não estou falando só dos tribunais nazistas e fascistas, o mesmo simulacro de tribunal foi usado nos julgamentos de Moscou e em outros tribunais "revolucionários" que não julgaram os indivíduos e seus crimes, mas suas ideias.</div>
<div style="text-align: justify;">
Moro não está investigando nenhum crime, seus atos deixaram de ter qualquer resquício de legalidade há muito tempo, e ele não se importa em autorizar gravações ignóbeis e as ceder (sabe-se lá em que condições) a maior rede de conspiração do Brasil (a TV Goebbels), que precisa repetir uma mentira mil vezes para que ela se transforme em verdade.</div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, assassinam-se as garantias legais. Nenhum de nós é santo, se grampeassem meu telefone, não sei se iria primeiro para a cadeia ou primeiro para o inferno. Numa sociedade falso pudica (uma das características mor do fascismo), até os palavrões ditos em confidência são liberados para um "objetivo maior". Desumanizar o adversário. Para que o terror fascista prevaleça é necessário que o adversário seja um cão, uma besta leprosa indesejável, que deve ser chutada e cuspida na rua. Os vermelhos, socialistas, comunistas. E não precisa ser socialista ou comunista, na sanha fascista do mal, quem estiver contra o fascismo já ganha sua adesão incondicional às ideias deste inimigo imaginário.</div>
<div style="text-align: justify;">
E tenho bastante moral para gritar contra isto. Quando se começou o linchamento moral de FHC, pelo suposto filho "ilegítimo", escrevi pequenos textos dizendo que assim nos igualávamos às idiotices do "sítio do Lula". Como democrata, como socialista, não me interessam as aventuras amorosas de FHC e o que aconteceu com a vida dele. Nem mesmo se ele tem um apartamento em Paris. Este é o cretinismo do pensamento. não se constrói debate democrático e ideais firmes para um embate político sério assim. Posso sim falar de FHC que ele agora é cúmplice, quando tinha o dever de falar, vítima de 1964 que foi, quando o partido fundado por ele embarca na aventura de um golpe de Estado.</div>
<div style="text-align: justify;">
No meio desta tragédia os "inocentes". Membros da classe média que se pretendem imparciais, mas que com usa imparcialidade fazem coro às indecentes violações dos direitos humanos, da privacidade, do vale-tudo. Que correm para futricar as conversas privadas dos PeTistas (estas bestas-feras inimigas da humanidade), sequer se partindo da prévia que estas gravações são criminosas. Tudo tirado do seu contexto e repetido ad nauseam para causar o efeito que está causando. Uma parte da classe média imaginada e pedindo "justiça' a quem rasgou seu papel de defender a justiça, e outra aderindo à barbárie fascista e agredindo pessoas que julgam adversárias na rua. O povo do "vai para Cuba". São duas faces da mesma moeda. Assim como a classe média alemã que foi cúmplice e beneficiária do nazismo e só abandonou o sonho do "Reich de mil anos", quando os aliados começaram a bombardear as cidades alemãs. Não há perdão para esta cumplicidade e covardia.</div>
<div style="text-align: justify;">
Cumplicidade e covardia ainda maior de parcela de "esquerdistas" que num momento de transe histórico e de risco de regressão sonham que estão às portas de uma Revolução e que Brasília é o Palácio de Inverno. Quixotescos traidores da democracia, serão os primeiros a serem vitimados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Vivemos um momento de terror e transe, os próximos dias serão de confrontação de dois campos em disputa pelo futuro do país. Um dos campos tem o juiz medíocre Moro, o conspirador geral da República, Rodrigo Jannot, tem Bolsonaro, Malafaia, Feliciano. A junção do que há de mais perverso é uma ameaça de morte à inteligência. Um momento tão grave, que a maior oferta de cursos universitários não gerou uma juventude com ideias mais avançadas capaz de defender a democracia e a liberdade. No local em que eu trabalho, servidores concursados usando trágicas camisas pretas entoarem gritos de guerra pró Moro, com juízes que só pensam no próprio umbigo. Os três estagiários jovens do local em que eu trabalho admiram Bolsonaro e duas disseram que preferem votar em Bolsonaro a votar em Lula. A mentira dita mil vezes cria um Zeitgest de espírito do tempo às avessas. Jovens de classe média ou baixa, que passam a acreditar no fascismo como redentor do nada, como redentor do caos que ele mesmo cria.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não, não está ameaçado somente o Governo como um reles funcionário de quinta categoria, nosso Eichman dos tempos hodiernos, Sérgio Moro, é capaz de liberar os trens para os campos de concentração e tornar uma nação inteira refém dele. Quando um juiz de uma vara de primeira instância consegue poderes absolutos através da cumplicidade da PGR e da chantagem ilimitada e se coloca acima da Presidente eleita legitimamente. A possibilidade de uma ditadura tecnocrata de burocratas torpes, míopes e obtusos, sem pauta social, sem projeto e no meio do caos de um país dividido é uma ameaça à todos os democratas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Só há um remédio. Temos que ir para as ruas e vigiar.<br />
Os fascistas não passarão!</div>
<div style="text-align: justify;">
Devemos defender a democracia pela qual nossos pais sofreram prisão, exílio, tortura e morte e derrotar o fascismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Não consigo imaginar viver num país onde qualquer Eichman de Curitiba possa golpear uma nação inteira!</div>
<div style="text-align: justify;">
Roberto Ponciano é Mestre em Filosofia/Ética, em Letras Neolatinas e Especialista em Economia do Trabalho.</div>
</div>
Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6517487795622726427.post-7513586803425385462016-01-17T12:45:00.001-02:002016-01-17T12:45:23.018-02:00Um carioca bairrista<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Um carioca bairrista.<br />
<br />
Sou um carioca assumidamente bairrista, não xenófobo, nem etnocêntrico, bairrista. Não acredito que os cariocas sejam mais malandros, ou melhores do que ninguém. Mas se eu pudesse escolher mil vezes onde nascer (parafraseando Neruda), mil vezes eu escolheria o Rio de Janeiro, se eu tivesse mil vezes que morrer, morreria no Rio de Janeiro. Vira e mexe vejo alguma pessoa que não faz sexo há muito tempo falar mal do Rio (sim, para falar mal desta cidade o sujeito ou a "sujeita" passa por algum momento de prolongado jejum sexual), dizendo que se puder vai para Miami, Paris, Quixeramobim ou Campos dos Goytacazes. Em geral eu escuto a pessoa mal amada de forma silenciosa, raramente discuto. Mas, confesso, algumas 5 ou 6 vezes já quebrei o pau pelo Rio de Janeiro.<br />
Cidade violenta? Verdade, que cidade grande do mundo não é violenta? Pasárgada? A violência não tem nada que ver com o genes do carioca, tem que ver com uma herança de décadas de uma ditadura militar que fez crescer o bolo para depois repartir e não repartiu. Aliás, o bolo (o PIB), só começou a ser repartido a partir de 2002 no governo Lula. Cidades inchadas, sem planejamento geraram favelas e os idiotas do senso-comum. Uma das maiores barbaridades senis dos idiotas do senso-comum e sair vociferando como um insano "a culpa da violência no Rio de Janeiro é do Brizola", simplesmente porque o Brizola tentou defender os direitos humanos e tratar favelado como gente. A tumultuada e altamente populosa cidade do Rio de Janeiro, com sua difícil geografia que amontoa no mesmo espaço ricos e pobres, coloca a violência e a pobreza mais visível. No Rio a pobreza está na periferia, mas não só na periferia. Está em Copacabana, está no Leblon, está em todo o canto, no morro, vizinha da elite. Isto dá uma ideia de que a pobreza e a violência são mais presentes porque a exclusão são mais palpáveis. Cidades em que os pobres ficam bem longe de sua área rica, como Curitiba ou Porto Alegre, dão a tola ilusão de que os pobres ali não estão, tola ilusão, ledo engano. Como a violência acontece na periferia, longe dos olhares dos ricos, ela não existe.<br />
O "carioca não trabalha", outras das barbaridades que ouço continuadamente, e que mostra não só preconceito, mas incompreensão da alma do carioca. O bar é o templo do carioca. No bar se discute de tudo, desde quem é o mais novo corno da rua, aos grandes problemas políticos do país. É uma cidade tropical, praiana e povoada de bares por todos os cantos, os "bunda-de-fora", os "pés-sujos", a cerveja depois do trabalho, de segunda a segunda. Como os horários do trabalho são variados, há sempre um carioca no bar. Para um alienígena, esta imagem se traduz no paradigma preconceituoso de que cariocas são cachaceiros e que não gostam de trabalhar. Cachaceiros, tudo bem, assumimos que somos!<br />
Talvez a praia seja a culpada. No Rio há sempre a promessa do mar, e como é quente quase o ano inteiro, sempre há gente na praia. E não são vagabundos, há estudantes, pessoas de férias, donas de casa, trabalhadores de meio período, desempregados, todos quando tempo, é lógico, vão se refrescar sem culpa e com pressa na praia. Para pessoas de outras cidades, não praianas, a combinação bar e cerveja cria o mito da cidade que não trabalha, embora todos os dados de ocupação e horas trabalhadas digam o contrário.<br />
Ou o espírito carioca, incompreensível para muita gente. Cariocas são sacanas e politicamente incorretos. Carioca perde o amigo, mas não perde a piada. Carioca faz piada de desastre de trem, e zoa e ri de qualquer infortúnio. Esta coisa malemolente, de escárnio, da ironia, da sátira, que talvez tenhamos herdado da ascendência lusitana, quem sabe das fortes raízes africanas de algum Exu zombeteiro, ou mesmo da mistura incrível de povos e raças que vivem aqui.<br />
O Rio de Janeiro tem viço, o Rio de Janeiro gruda. Tem carioca de todo tipo, carioca cearense, carioca maranhense, carioca paulistano, carioca gaúcho, carioca francês, carioca argentino. Muitos reclamando e amaldiçoando a cidade e dizendo que são loucos para sair daqui, mas no fundo vivendo um amor cafajeste e não confesso, sorvendo e aproveitando cada segundo desta nossa maravilhoso Babel.<br />
Afinal, como não se apaixonar pelo Rio de Janeiro? A cidade da bossa-nova, a cidade do samba. A cidade de Tom Jobim, Niemeyer, Chico Buarque, Nara Leão, Vinícius de Moraes e a cidade de tantos outros não nascidos aqui mas quase cariocas de escolha: Drummond, Clara Nunes, Dorival Caimmy, José Lins do Rego. A cidade da Portela e da Mangueira, duas entidades nacionais, a cidade do Flamengo, da imensa nação rubro-negra e o Maracanã.<br />
Quem não gosta do Rio de Janeiro não é um bom sujeito. Ou é esclerosado e não faz sexo faz muito tempo, ou tem problema no pé e frustração por não saber sambar, não gostar de praia, não gostar desta gente contagiante e musical que somos nós, cariocas.<br />Viva o bom bairrismo do carioca!<br />
<br /></div>
Fulgêncio Pedra Brancahttp://www.blogger.com/profile/01680964825938718517noreply@blogger.com0