sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Em ti


Em ti

Tua voz:
Límpido cristal que atravessa
Minha angústia e derruba
Minha dor e solidão cortantes.

Teu corpo:
Pedaço de maçã madura
Sede de mordida a abrir-te
E beber-te o ventre a embriagar-me.

Teus cabelos:
Palha de milho maduro
A refulgir ouro ao sol,
E atar-me a mão
Num desespero de te achar.

Teu sexo
Doce tortura que me enlaça
E me derruba e me mata
Fazendo-me renascer em sêmen
Dentro de tua mata,
Refeito em ti.

Tua alma
Pequeno grão ao vento,
Chuva diáfana de primavera,
Menina a fazer bem-me-quer,
Mãe de la Plaza de Mayo,
Força da simplicidade,
Fúria que só tem a paz.

Mulher,
Que queres comigo?
Se nada posso te dar;
Senão este coração
Que cortaste com tuas unhas de loba,
Senão este sangue,
Que bebes de noite, vampira.
Senão este espírito
Que vaga escravo dentro do teu útero.

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