A Copa das falácias.
Ontem vi um cartaz que me deixou intrigado: Rocinha não quer
teleférico, quer saneamento básico. Demorei uns dez anos para
tentar entender o que tem uma coisa para outra, porque até no
orçamento do Governo, as verbas para saneamento saem de uma rubrica
que não atrapalha e não influencia obras de mobilidade urbana.
Das duas, uma:
1) Ou quem pintou aquela coisa não era da comunidade realmente;
2) Ou é uma pessoa iludida o suficiente para escrever uma ASNEIRA
daquelas.
Ora, no momento em que a sociedade se organiza por mobilidade urbana,
teleféricos são soluções por demais inteligentes para a
topografia da cidade, fico imaginando alguém que possa ser contra um
teleférico numa favela. O cara que escreve uma asneira destas nunca
utilizou o teleférico do Alemão. Perguntem a alguém no Morro do
Alemão se ele abriria mão do teleférico instalado, que uniu a
Comunidade, do Morro do Adeus, à Fazendinha, com 3,5 quilômetros de
extensão. Às crianças que tem facilidade para ir à escola, os
trabalhadores que tem facilidade de irem trabalhar, as famílias que
se unem com o único meio de transporte que serve à toda a
comunidade.
É muita pretensão desta faixa, que ilustra hoje as manchetes do
PIG. Alguém perguntou à comunidade? Se fizerem um plebiscito na
Rocinha e na Providência perguntando se querem o teleférico, se der
um resultado menor que 80%, depois de um debate sério, eu troco de
time.
E o pior, no momento em que a Rocinha, além do teleférico, vai
receber um grande aporte de investimentos exatamente em rede de
esgoto e moradia. Será que os organizadores do tal evento omitiram
isto por desconhecimento ou por pura má-fé? Veja o que está
anunciado e está previsto, orçado no PAC: “O Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) 2 terá R$ 2,66 bilhões em
investimentos para as comunidades da Rocinha e para os complexos do
Lins e do Jacarezinho. Entre as intervenções, estão previstas
obras de macrodrenagem de esgoto e água, instalação de rede
coletora de lixo, abertura e alargamento de vias, além da construção
de creches e de 475 unidades habitacionais.” - fonte:
http://blog.planalto.gov.br/ao-vivo-anuncio-de-investimentos-em-comunidades-do-rio-de-janeiro/
Bem, vamos sair deste falso paradoxo de Zeno, da tartaruga e de
Arquimedes, eu quase choro de rir quando vejo algumas bobagens que
saem nas manifestações sobre a Copa do Mundo, no pior estilo, “não
queremos Copa, queremos saúde e educação”. Em primeiro lugar,
“não queremos, quem, cara pálida?”. O nós é um plural
majestático muito pretensioso, quem não quer copa? Os estudantes
radicais da sigla A, B e C? Quem lhes deu o direito de usurpara a
vontade popular. O Governo deveria fazer um plebiscito, com um debate
claro sobre a Copa do Mundo, de novo ganharia de lavada. Primeiro
porque é novamente uma bobagem teórica opor Copa a Saúde e
Educação. Tenho visto poucos ou nenhum argumento sofisticado com
relação a isto. Primeiro porque o Governo não está retirando
verba da saúde e da educação para fazer Copa do Mundo.
Investimento puramente na Copa serão só os estádios, que querem ou
não os anti-copa, também ficarão como legado. Tirando os estádios
de Manaus, Brasília e Cuiabá, que são elefantes brancos sem
viabilidade financeira para o futebol, todos os outros serão praças
utilizáveis após a Copa do Mundo, o custo total deles (está no
portal da Transparência) é de 7 bilhões de reais em 4 anos!!!! Não
chega a dois bilhões por ano, não foram os estádios que cortaram
verbas, nem da saúde nem da educação, veja o quadro retirado do
PORTAL DA TRANSPARÊNCIA.
Lá, muitas pessoas se surpreenderão, que o Brasil gastará apenas 7
bilhões com estádios e os restantes 21 bilhões serão
principalmente com transporte! Aeroportos, “mobilidade urbana”,
BRTs, VLTs, Metrô, vias expressas que são legados permanentes
indiscutíveis. É divertido ver gente ir para a rua e reclamar sobre
mobilidade urbana, sem saber que os maiores gastos com a Copa foram
em... MOBILIDADE URBANA! Ou seja, é um falso problema, haja vista
que estes 21 bilhões gastos com a “Copa do Mundo”, na verdade
não foram gastos com a Copa do Mundo, mas modernizando portos, vias,
aeroportos, BRTs, abrindo vais, ampliando portos. Será que alguém
que fica repetindo a cantilena dos “30 bilhões gastos com a Copa
do mundo tem alguma idéia disto?”
Para terminar, nesta semana o Governo Dilma anuncia mais 50 bilhões
em mobilidade urbana e aprova o projeto para ampliar os gastos com
saúde e educação através dos royalties: 200 bilhões para a
educação e 50 bilhões para a saúde! Um gasto recorde nunca jamais
alcançado por nenhum governo. Isto se junta aos 2 milhões de
universitários já assistidos pelo Pro-Uni, aos 26 novos campi
universitários, às dezenas de escolas técnicas, UPAS, novos
hospitais, clínicas de família que este governo fez em todo este
tempo. O gasto com saúde e educação ultrapassa em 49 vezes por ano
o que o Governo gastou com estádios da Copa do Mundo.
Ou seja, os argumentos filosoficamente falando realmente falaciosos,
são de uma montagem tão superficial que não resistem a um mínimo
questionamento, sequer econômicos. O gasto com a Copa, sendo com
estádios apenas 7 bilhṍes e os restantes 21 bilhões com
infra-estrutura permanente do país, vão ser remunerados por uma
receita que pode chegar a 150 bilhões de reais. Todavia, as
projeções de retorno financeiro para o país durante e após o
evento, miraculosamente sumiram das páginas de jornais e revistas da
chamada mídia hegemônica, que lucra como nunca com o evento,
repassando imagens e notícias, mas finge que este dá prejuízo,
porque quer lucrar ainda mais com a desestabilização do país.
Teve um amigo respeitável que disse inclusive que é contra toda e
qualquer Copa do Mundo, porque a Fifa é uma máfia. Tenho que
confessar, QUE ESTE É UM ARGUMENTO RESPEITÁVEL. Mas, se este é o
argumento, o certo não é protestar contra a Copa no Brasil, mas
contra a existẽncia de toda e qualquer Copa do Mundo. Uma coisa é
certa em lógica, ao escolher seus termos, você tem que ir até às
últimas consequẽncias nele. Se é contra o negócio Copa do Mundo,
tem que ser contra toda e qualquer Copa do Mundo. Mas não é este o
argumento, os protestos são “CONTRA A REALIZAÇÃO DE UMA COPA DO
MUNDO NO BRASIL”. Ora, nestes argumentos sinto uma espécie de
“complexo de vira-latas”. Pelos números expostos, resta provado
que:
1) A Copa do Mundo no Brasil não é cara, o gasto EXCLUSIVO COM A
COPA, é de apenas 7 bilhões. Destes 7 bilhões, só 3 estádios não
são viáveis depois, todos os outros são, e os particulares não
recebem investimento público;
2) Dos chamados “30 bilhões”, que viraram uma verdade absoluta
(que agora passo a chamar a falácia absoluta), e que na verdade são
21 bilhões, todos estes valores são de valores permanentes no
Brasil. BRTs, VLTs, Metrês, vias expressas, aeroportos, portos,
hotéis. Então não são investimentos para a Copa, são o legado
permanente;
3) A Copa não vai deixar legado. Bem, esta não é a falácia, é a
mentira mais absurda de todas. Dos 28 bilhões, 21 bilhões são de
instalações permanentes QUE NÃO TEM NADA QUE VER APENAS COM COPA
DO MUNDO. Todas as instalações ficarão em pleno funcionamento, em
todas as cidades, após a Copa. Espero que ao ler o artigo e ao
conferir os números no transparência Brasil, não repitas mais
estas bobagens.
4) A Copa retirou dinheiro da saúde e da educação, Com verbas 49
vezes maiores do que a dos estádios em um único ano, acho que
ninguém vai mais repetir esta baboseira, né? O problema da saúde
no Brasil não é a Copa, muito menos o da educação. Temos o
paradoxo de termos em alguns lugares, verbas, o hospital e faltarem
médicos que não querem trabalhar no interior. Um paradoxo absoluto
e invencível e ser contra a Copa e ser contra os médicos cubanos no
interior! Outro paradoxo é reclamar contra o investimento da Copa
pedindo mais investimento em transportes... que foi o PONTO FORTE DOS
GASTOS DA COPA.
Bem, se quer atacar o artigo, tens todo o direito, mas por favor,
coloque argumentos válidos, argumentos falaciosos ou mentirosos,
termos deslocados, teoria do perde-perde, números falsos, falsas
oposições não são fortes o bastante para refutar este artigo.
Muito menos maniqueísmos do tipo “a saúde é uma merda”. Falar
isto é uma reclamação, não um argumento. Quer discutir o SUS,
pegue números, pegue a distribuição de hospitais, UPAS, clínicas
da família, de verbas e façamos uma discussão séria. Resmunguices
de tia velha na janela não são argumentos e apenas alimentam um
movimento que não tem pauta, não tem direção, é contra tudo e
contra todos e não tem projeto para mudar o Brasil.