Afrodite e Xangô
Balzaquiana;
decidida, inteligente, culta, bela. Anarquista no temperamento e na
ideologia. Não destas anarcóides de classe média que pensam que
anarquia é fazer uma tatuagem e colocar um piercing. Mas daquelas
que lêem Bakunin, Proudhoun e sabe a história das comunas
anarquistas na Rússia e na Espanha Vermelhas. Prega e acredita no
amor livre, pratica-o. Já estudara todo Reich, com muito prazer e
passou a práxis das idéias dele. Saiu sem culpa de um casamento
entediante com um médico asséptico e passou a comer todos os homens
que desejava, sem peias ou compromisso. Permanecia com um enquanto
lhe desse gosto, passava para outro tão logo sua libido se gastasse.
Poderosa e ativa, devorava os homens e sua inteligência e atitude os
amedrontava. Era uma lenda e seu mito precedia sua presença.
Psicanalista revolucionária, vivia de tratar a alma dos outros. Para
ela a análise não era um esporte de ricos. Trabalhava
voluntariamente em muitas favelas, preferencialmente entre as
mulheres, ensinando a elas a arte e o direito de gozar, o orgasmo
como forma de libertação. O direito essencial das mulheres a
igualdade absoluta de direitos, de inteligência e formação, de
oportunidade e voz com relação aos homens. Para que os homens não
mais fossem seus capatazes, donos e algozes, mas sim seus parceiros,
cúmplices e irmãos.
Impossível
conquistá-la. Não era caçada, caçava. Cunhou o apelido de
Miliciana por causa de seus trabalhos entre as comunidades carentes
e, logo, logo, ninguém mais a chamava de Clarisse, senão de
Miliciana. Um nome tirado de uma novela espanhola, de uma mulher que
vivera uma vida tão intensa quanto ela. Sem preconceitos de classe
ou cor, amava livremente aquele homem que desejasse. Alta, 1.80,
branca, olhos claros, corpo estonteante, sua presença assustava.
Sorria sozinha, ainda com as lembranças de seu último homem, um
rapaz que ela iniciara realmente nos prazeres de Afrodite,
devorando-o, escondida na sala do almoxarifado de um Centro
Comunitário, como a aparição da própria deusa grega que
escolhesse um mortal qualquer para satisfazer seus prazeres. O nome
dele era Antônio, um pouco mais alto que ela; forte naturalmente da
vida dura que levara, como pobre para sobreviver, trabalhando desde
criança, muito negro, luzidio, era atraente. Tinha 17 anos, era
ainda um menino e na verdade era virgem. Ela sabia disto. Pagava a
ele para ajudá-la em seu trabalho na Comunidade da Rocinha que lhe
rendia muito pouco dinheiro, mas dava a ela uma satisfação imensa.
Ela
sempre flagrara o olhar entre envergonhado e com tesão dele no corpo
maravilhoso dela. Passeando pelo umbigo sempre à mostra. Ele
escondia o rosto. A Miliciana olhava para o pau dele. Era grande, um
pau negro, pulsante e virginal, e ela o antevia crescendo na calça.
Ela fixava o olhar no membro dele e desde a primeira vez, resolvera
desvirginá-lo. Nada planejou, apenas esperaria o momento. Numa das
terapias coletivas feitas no fim de semana, o Centro Comunitário
estava vazio e eles ficaram com a chave para guardar as coisas. No
pequeno almoxarifado, vários objetos da comunidade ficavam
empilhados. Antônio estava ajudando a levar colchonetes, que
serviram para a terapia respiratória reicheana, àquele espaço
vazio, Clarisse fechou a porta atrás de si quando entraram. Tonho
surpreendeu-se, mas, quando deu por si, ela já o havia derrubado no
colchão, o corpo maravilhoso dela, os cabelos longuíssimos
percorrendo seu peito, as mãos por cima da calça, fizeram com que
ele ejaculasse, excitado e nervoso com a surpresa, antes mesmo que
ela começasse as carícias mais intensas. Ela beijou a boca
assustada dele, como quem tem nas mãos um pequeno pássaro indefeso
e com frio, que esperasse morte caso não receba o calor de uma boa
samaritana, e lhe falou de forma doce e carinhosa:
-
Calma!
Antônio,
completamente surpreendido pelo ímpeto de Clarisse, estava
completamente enredado pelos fios de Ariadne daquela deusa. Ela o
deitou nos colchonetes, como se ele fosse sua presa, da mulher aranha
fatal, deusa do sexo e do amor. Naquele momento de luxúria primeira,
com todo o cuidado e carinhos lascivos, obscenos, impudicos.
Ajoelhou-se com as pernas entreabertas por sobre ele, com a luxuriosa
rosa do sexo quase encostada no rosto dele. Com malícia e habilidade
retirou o pau latejante dele de dentro da prisão que a calça havia
se transformado. O membro luzidio e negro, roliço, duro, pulsante,
era grosso e grande como ela imaginava. Ainda estava melado pelo
leite emanado do espanto dele, mas, mesmo tendo acabado de gozar,
permanecia duro. Com a maestria que possuía, Clarisse, a Afrodite
anarquista, começou a lamber todo o sumo, sentir o gosto do sêmen
na boca e, com a língua, sorvendo, tomou todo o suco derramado.
Deixou o pau de Antônio sem nenhum vestígio do recente orgasmo.
Isto o excitara ainda mais. Como uma gata, esgueirara seu corpo até
a boca de Antônio, e sem que pedisse, só com a linguagem corporal,
ele começou a sugar aquela flor cerúlea, rosácea, com odores
divinais. Esfregando-se na boca de Antônio, os lábios grossos de
negro, a língua vigorosa e rápida, o lamber forte juvenil, começou
a enlouquecê-la. Ao mesmo tempo ela engolia quase toda grande vara
dele. O pau enchia toda a boca de Clarisse, ela o sugava, tirava da
boca, mordiscava, lambia, descia até a base, beijava cuidadosamente,
brincando com a língua nas bolas, de maneira, que Antônio, quase
sem controle, já estava a ponto de gozar novamente. Sentindo este
momento, Clarisse parou de sugá-lo, retirou sua xotinha da boca dele
e foi novamente se esgueirando, roçando a pele fina no corpo
másculo, juvenil e musculoso dele, de maneira a colocar a bocetinha
de encontro ao pau latejante. Ele levantou o corpo levemente de
maneira que pudesse segurar a cintura dela. O pau era muito grosso, e
a grutinha de Clarisse bem apertada, a penetração era vagarosa e
difícil.
Clarisse
controlava completamente a descida, inclusive a intensidade, para que
ele desta vez não jorrasse antes que ela se satisfizesse. O pau
muito grosso ia esticando os lábios da vagina e a enlouquecia. Ele
também sentia a xoxota como uma boca muito forte e macia, fruta
pegajosa e boa que fosse aos poucos engolindo o enorme pau. O pau
descia um centímetro, ela recuava, o que o fazia implorar que ela
descesse mais. Foi conquistando aquele pau centímetro a centímetro,
aumentando o tesão e o fogo de ambos, que já estavam prestes a
explodir. Ele tinha mãos fortes de trabalhador, mãos de proletário.
Puxou com força o corpo dela pela cintura e como estivesse muito
molhada, ela finalmente cedeu. A vara era longa e tocou o útero da
Afrodite encarnada, que se arrepiou, um calor crispou todo o corpo
dela. A bocetinha tinha o espaço exato para engolir todo o pau de
maneira que nada faltasse, que nenhum espaço ficasse vazio. Assim,
cada movimento de ida e vinda, onde ela fazia com que o pau saísse
todo e retornasse, parecia que ia efetivamente consumir ambos
totalmente. Estavam inebriados e não conseguiriam retardar por muito
tempo o orgasmo. De pernas abertas ela se arqueou sobre ele. As peles
grudadas, a derme clara e fina dela sobre a derme escura e grossa
dele, os pequenos lábios rosáceos dela dando-se a boca grossa dele.
O cabelo longo dela alisava o rosto dele, um beijo de entrega, o
prazer de um invadindo o corpo do outro, até que houve uma explosão,
simultânea. Gritos, ais, sussurros, palavrões.
Ela
o surpreendia, pedia, aos berros: “me fode, me fode meu grande
garanhão negro, rasga tua putinha, me come com força, vai, vai,
mais, me fode”, e realmente parecia que ela seria dividida ao meio
naquele ímpeto tresloucado, onde se inundou de sêmen e todo seu
corpo ficou arrepiado, os pelos eriçados do mais sublime prazer.
Aquele prazer completo e total que é mais forte do que qualquer
droga jamais inventada. Bêbados, embriagados um do outro.
Ela
pensou que ele estava exausto. Mas agora era a vez de Antônio
assumir um papel de Deus africano, de Xangô guerreiro, orixá da
justiça, espada vingadora forte em defesa dos fracos, viril entidade
negra de África. Jogou Afrodite no colchão e num ímpeto, abrindo
suas pernas com os braços e suspendendo-a e dependurando as pernas
dela em seu ombro, surpreendeu-a com uma penetração forte, que no
início chegou a ser um pouco dolorosa, mas que logo se mostrou
extremamente delirante. Antônio que não havia se desgastado muito
embaixo de Clarisse, agora, com uma arremetida de um bicho feroz
assaltava o corpo dela. Suas estocadas eram fortes, faziam vibrar
todo o corpo dela e arrancar gritos de delírio da experiente mulher.
Nem parecia um garoto recém iniciado nas artes de Eros. Mais parecia
um Deus vindo das matas da África, trazendo em seu ombro um Leão
que houvera acabado de matar numa luta furiosa, e agora cobrava de
sua amante os tributos de carinhos devidos aos grandes heróis. Ele
queria sentir o máximo de prazer e proporcionar também. O pau saia
todo e entrava até o fundo da caverna apertada dela. Roçava.
arranhava, na entrada roçava no clitóris, no fundo tocava no útero.
Ele sugava avidamente, chegava a morder o seio e o ombro dela. Ela
cravava as unhas nele que nem sentia a dor. Era um embate furioso de
amor. Um poderoso Deus de Ébano entrando e saindo daquela mestra do
amor, fodendo ardentemente aquela mulher divinamente safada. Ela
trazendo do fundo dele toda a libido que ele carregava.
Uma
energia mística envolvia os corpos, não era uma trepada comum, eles
faziam o amor com fúria carinhosa, com uma consumação que parecia
um amargedom, parecia o último momento do mundo, Antônio descobria
um rio invadido por larvas de vulcão dentro de si, e a única coisa
que queria era desaguar para o oceano daquela diva, para aquele útero
que o acolhia e que parecia enovelá-lo. Um instante que seria
tatuado para sempre em sua alma, o cheiro silvestre daquela rosinha
selvagem que impregnaria para sempre seu nariz, e que lhe voltaria
toda vez que fosse foder uma mulher. Depois de gozar duas vezes, ele
podia mais confiantemente comer Clarissse com toda sua potência.
Sentia que demoraria a gozar, e queria prolongar a sensação de
estar dentro daquela mulher. Abaixou as pernas dela de seu ombro para
que ela ficasse confortável e pôs suas mãos em concha embaixo
daquela bunda maravilhosa, premindo-a contra ele. Acariciou a esfera
macia dividida em duas, completamente lambuzada pelo mel dos dois, e
descobriu o orifício anal. Com seus dedos longos, instintivamente,
aproveitou a lubrificação, que o próprio sexo dos dois
proporcionava, e introduziu quase que inteiramente o dedo dentro
daquele cuzinho. Clarisse enlouqueceu, fodida pela frente, ao se
mexer, para se afastar do pau, sentia o dedo avançar por trás de
si. Quando se afastava do dedo, sentia o pau comendo sua xota. Isto a
deixou fora de si, quente, com movimentos convulsivos. A loucura dela
contaminou Antônio e logo ambos partilhavam mais uma vez de um
desvario em gozo. Ele nem mais tirava o pau. Afundava-o bem forte
para senti-lo tocar o útero e deixava que ela rebolasse em desvario
enquanto gritava: “vou morrer, me mata amor, me mata de prazer”.
Ele sucumbiu aos gritos, ao corpo, aos carinhos, e este orgasmo foi
mais do que uma pequena morte, parecia que um fogo os consumiu e eles
perderam a razão. Clarisse chorou de prazer. Antônio perdeu o
fôlego e a fala.
Em
casa, recostada, tomando um bom vinho branco, Clarisse lembrava a
iniciação daquele garoto de ouro, daquele Orixá encarnado que
ainda tinha muito que aprender e que lhe proporcionaria ainda
extremos prazeres nos próximos meses, nos quais dedicaria uma boa
parte em ensinar-lhe as artes de Afrodite a seu belo Xangô. Todos os
requintes dos prazeres da cama. Era um touro imenso, forte, negro,
impávido. Era diamante que precisava ser lapidado. Aprender a
retardar o momento da explosão. Aprender a sugar uma mulher com
maestria, como se deve. Começando com um beijo tímido na boca, para
depois celebrar todo o belo corpo, da nuca a bunda, marcando o
caminho com beijos e mordidas na linha da coluna, no umbigo, cintura,
para só depois de prepará-la, de fazer jorrar o mel do prazer por
entre as pernas. Então, aí, sim, poder sorver o prêmio, o néctar
da bocetinha, jorrando em borbotões por conta de um homem que
conhecia os mistérios do corpo da mulher. Seria um prazer este tempo
de ensinamento, em que se daria e comeria também seu homem, Ariadne
devoradora, que após ter consumido tudo que queria de seus homens,
deixava-os, melhor preparados para outras mulheres. Eles ficavam com
a lembrança sem igual dela para sempre na cabeça, como a aparição
de uma deusa a um mortal, um presente dos céus, uma dádiva da vida
para quem teve o privilégio de prová-la. Clarisse sorriu, com os
dedos entre as pernas, bolinava o clitóris lembrando dele. Logo,
logo ela mataria esta saudade que sua grutinha encantada sentia.