sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Balbúrdia das letras: Encantadora de Espíritos

Balbúrdia das letras: Encantadora de Espíritos: Encantadora de espíritos Quando teus olhos me invadem, Sou de novo um menino, Frente a uma mulher de sonhos Que é feita só de eter...

Encantadora de Espíritos



Encantadora de espíritos

Quando teus olhos me invadem,
Sou de novo um menino,
Frente a uma mulher de sonhos
Que é feita só de eternidade.

Encantadora de espíritos,
Vais brincando de seduzir,
Com uma malícia fresca,
Que cheira à fruta madura,
E soa à bossa nova.

Então sonhas, são teus olhos.
Tudo pára para te admirar.
És a improvável imperfeição
Corpo de música e deleite.

Caminhas, pisas na areia.
És praia, onda, beira, respingos de chuva e mar.
Flutuas,
Teu vestido branco não chega a tocar-te
E o ar, que passa entre ele e a tua pele, sofregamente goza.

A luz te invade.
És feita só para a manhã como um pôr-do-sol.
Deixas tudo absorto em te admirar
Pois transcendes o desejo.
És mais forte que o instinto.
És o cheiro gostoso de chuva na terra,
És sexo feito na água do mar,
És amor juvenil e imaturo,
Malícia da inocência,
Indecência impúbere.

Teu cheiro de fruta permanece em meus lábios
E me ativa a fome e a saliva,
Que bebes sempre quando tens sede.
Quero aplacar minha dor em tua boca
E saciar minha fome em tua gruta.

Assim, entre perdido e louco,
Quero te acompanhar pelas ruas
Como se nada houvesse senão nossos passos.
Quero te levar a meus sonhos
E mostrar que a loucura é nada
Comparada a tua beleza
Explodindo em fogo dentro de mim.

Balbúrdia das letras: Em ti

Balbúrdia das letras: Em ti: Em ti Tua voz: Límpido cristal que atravessa Minha angústia e derruba Minha dor e solidão cortantes. Teu corpo: Pedaç...

Em ti


Em ti

Tua voz:
Límpido cristal que atravessa
Minha angústia e derruba
Minha dor e solidão cortantes.

Teu corpo:
Pedaço de maçã madura
Sede de mordida a abrir-te
E beber-te o ventre a embriagar-me.

Teus cabelos:
Palha de milho maduro
A refulgir ouro ao sol,
E atar-me a mão
Num desespero de te achar.

Teu sexo
Doce tortura que me enlaça
E me derruba e me mata
Fazendo-me renascer em sêmen
Dentro de tua mata,
Refeito em ti.

Tua alma
Pequeno grão ao vento,
Chuva diáfana de primavera,
Menina a fazer bem-me-quer,
Mãe de la Plaza de Mayo,
Força da simplicidade,
Fúria que só tem a paz.

Mulher,
Que queres comigo?
Se nada posso te dar;
Senão este coração
Que cortaste com tuas unhas de loba,
Senão este sangue,
Que bebes de noite, vampira.
Senão este espírito
Que vaga escravo dentro do teu útero.