domingo, 30 de dezembro de 2012

Stalingrado, o Verdadeiro Dia D!


60 Anos da Vitória Sobre o Eixo Nazi-fascista – Stalingrado, o Verdadeiro dia D

“Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.
Saber que vigias, Stalingrado, sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantes dá um enorme alento à alma desesperada e ao coração que duvida.”
Carlos Drummond de Andrade in Carta a Stalingrado
Este ano a humanidade celebra os 40 anos da vitória sobre o Eixo Nazi-fascista, numa guerra que gerou o genocídio de 50 milhões de vidas. Faz pouco tempo, vimos a comemoração da Invasão da Normandia, uma batalha que passou a ser designada como o “Dia D” da Segunda Grande Guerra e denominada de forma mentirosa pelos historiadores ocidentais como a mais importante batalha da luta contra os nazi-fascistas. Como uma mentira dita mil vezes acaba por virar uma verdade, vamos relatar e recobrar historicidade da resistência soviética ao nazismo e mostrar a batalha de Stalingrado, o verdadeiro dia D e a maior batalha da Segunda Grande Guerra Mundial.
Antes de tudo é interessante mostrar que o regime nazista de Hitler nada tinha em comum com o Socialismo Soviético. Por mais que tenha havido terríveis erros na condução do Socialismo Russo, ele era o grande inimigo a ser batido, o país dos sovietes que tinha de ser banido do mapa, o inimigo principal da Alemanha Hitleriana. Desde a ascensão de Hitler ao poder que a União Soviética denunciava aos aliados (França, Inglaterra e Alemanha) o rearmamento alemão e os planos imperialistas expansionistas germânicos. Os aliados não só fingiam não ver a escalada guerreirista alemã, como exultavam com a possibilidade de uma guerra alemã à União Soviética.
Durante a Guerra Civil Espanhola, enquanto a Luftware alemã pode impunemente rasgar os céus franceses para bombardear os soldados e as cidades republicanas, o governo francês proibiu que o Exército Vermelho passasse pela França para combater do lado dos republicanos e dificultou sobremaneira o envio de armas pela União Soviética aos resistentes da República assassinada. O resultado histórico disto todos já sabem, mas há um outro, a Alemanha nazista pode treinar táticas de guerra aérea impunemente com as bênçãos de todas as potências “liberais e democráticas”.
Diante da imobilidade e da simpatia do Ocidente frente à Alemanha Nazista nasce o pacto de não agressão Germano-soviético. O pacto jamais foi um pacto de cooperação militar. A diplomacia dos dois países jactava-se de ter tido uma vitória política sobre o outro. Pelo lado alemão, Hitler achava que com o pacto poderia operar mais livremente a guerra contra o resto da Europa, pelo lado Soviético, Stálin acreditava que entrar em guerra contra a Alemanha naquele momento seria suicídio, e que era necessário um esforço concentrado de guerra para fazer frente ao inimigo. Ambos queriam ganhar tempo para um confronto que viria mais tarde. A história provaria quem estava correto. Na URSS o dia de trabalho que já era de 8 horas por dia em 1927 (é bom lembrar que, no Brasil, esta conquista data de 1988) foi estendido para 12 horas e indústrias inteiras foram mudadas para equipamentos bélicos para o esforço de guerra.
Houve um grande erro estratégico diante do pacto. Stálin considerou que a Alemanha Nazista só teria condições de invadir a URSS em 1943 e se descuidou de sua defesa na linha de frente (embora os soviéticos nunca tenham alimentado nenhuma ilusão de que não haveria luta contra o nazismo). Assim, quando a Alemanha invadiu a União Soviética em julho de 1941, em que pese todo o esforço industrial de guerra, parecia efetivamente que em meses a União Soviética deixaria de existir. De um total de 7.500 aviões, os soviéticos perderam 4 mil só na primeira semana. Considera-se que a URSS perdeu 80% da aviação e mais de 50% dos tanques nos dois primeiros meses do ataque alemão.
Até outubro os nazistas já haviam cercado Leningrado e estavam às portas de Moscou. Até novembro o saldo de destruição era inimaginável de um país poder resistir a ele: 670 mil soldados soviéticos capturados, destruídos 3.200 tanques, 15.500 aeronaves (lembrem que a URSS só tinha 7.500 no início da guerra, ou seja, haviam sido dizimadas duas vezes a força aérea russa), 57.600 veículos, 1.200 peças de artilharia e 1.200 locomotivas.
O Mito do General Inverno
Há um mito ocidental de que os russos só conseguiram derrotar os alemães por conta do “General Inverno”. É verdade que a chegada do pesado inverno atrasou a guerra alemã, mas os alemães não foram parados só pela neve, e não foram derrotados por ela. Foram derrotados inclusive no campo da tecnologia e da produção, pela capacidade da URSS de se reorganizar em meio ao cataclisma e produzir aeronaves e tanques em tempo recorde, numa velocidade inimaginável. Campos inteiros eram queimados e indústrias eram desmontadas em dias e remontadas na retaguarda. O soldado soviético, vendo que o inimigo alemão assassinava impiedosamente até os civis passou a combater até a morte. Na retaguarda alemã, uma incrível guerrilha começa a minar a força e o ânimo dos combatentes germânicos.
O frio fez estragos grandiosos no lado soviético. Sitiados em Leningrado, 1 milhão de pessoas morreram de fome e frio. Só que o exército soviético estava TECNOLOGICAMENTE MELHOR PREPARADO PARA O FRIO. Desde as vestimentas, até o tanque e o óleo. Enquanto o óleo dos aeromotores alemães congelava nos tanques e não os deixava decolar, a força aérea soviética, na mesma velocidade que perdia aviões, os fabricava, e conduzia missões consideradas impossíveis em pleno inverno.
Dos sucessos iniciais de 1941 e 1942, a Luftware alemã começou a ser batida no ar pela aviação russa em 1943, em maior número e, agora, desenvolvendo em plena guerra aviões tal ou mais velozes que os alemães, capazes de abater os antes inexpugnáveis inimigos aéreos.
No chão, as tropas panzers perderam sua superioridade. Se no início da guerra os panzers enfrentam os obsoletos B50 soviéticos, estes sendo destruídos na proporção de 2 por 1, agora enfrentavam os terríveis T34. Mais velozes, melhores blindados, melhor manobráveis no terreno difícil, com um alcance de tiro maior. Pela primeira vez durante a guerra os nazistas enfrentam um inimigo que tinha superioridade na batalha dos tanques. Isto afeta de maneira o ânimo alemão. Divisões inteiras são destruídas em batalhas de tanques descomunais onde os T34 precedem ao avanço das tropas russas.
Stalingrado também estava cercada desde julho de 1942. Um monte de ruínas com soldados soviéticos escondidos praticamente nos entulhos e nos subterrâneos da cidade, era a última cidadela contra o avanço do Exército Alemão rumo ao Petróleo e ao trigo dos campos soviéticos. 70% de toda a força militar do Eixo encontrava-se na URSS neste momento (incluindo suas tropas mais capazes). Hitler queria capturar Stalingrado e seguir rumo a leste, para se juntar aos japoneses que estavam prontos para invadir a Índia e rumo ao Sul para juntar as tropas de Rommel que combatia no oriente.
Numa resistência tenaz, a cidade resiste 200 dias, cercada, com fome, muitas vezes com dificuldades de se abastecer de munições. Três exércitos alemães, dois romenos, um húngaro e um italiano cercam Stalingrado. A situação parecia pender para a Alemanha, mas, devido à grande resistência militar, ao grande esforço do povo soviético durante a guerra para suprir o exército vermelho e a superioridade tecnológica e bélica conseguida devido a isto, a cidade não só resiste, na batalha mais sangrenta da história, mas, incrivelmente, os soviéticos contra-atacam e aí começa o fim do nazi-fascismo.
Os exércitos soviéticos conseguem com a ajuda da força aérea e dos T34 flanquear os exércitos romenos e cercam aproximadamente 300 mil soldados alemães em novembro de 1942. Os alemães ainda resistem dois meses, mas em 16/1/1943 o general Paulus entrega-se com o remanescente do seu exército. Na batalha de Stalingrado os soldados do Eixo haviam perdido cerca de 800 mil homens, o Exército Vermelho havia perdido 1 milhão e 100 mil (o exército estado-unidense, durante toda a guerra perdeu 300 mil).
Depois da derrota de Stalingrado a máquina bélica alemã foi completamente desbaratada, os soviéticos bateram as tropas alemãs até Berlim. Os aliados não invadiram a Normandia senão depois da vitória soviética em Stalingrado (embora Stálin clamasse por esta invasão fazia tempo) e a celeridade na invasão da Normandia se deveu principalmente ao medo de que URSS tomasse toda a Alemanha sozinha, já que efetivamente a Alemanha já estava militarmente irremediavelmente derrotada. Fica claro então que o verdadeiro dia D da Segunda Guerra foi a batalha de Stalingrado, que mesmo que não houvesse a invasão da Normandia os nazistas teriam sido vencidos sozinhos pelo Exército Vermelho que já havia derrotado o grosso das tropas alemães e as estava levando de volta para o Reichstag.
Embaixo, o relato de uma carta de um soldado soviético na luta sem rendição contra os nazi-fascistas:
“Aqui está a carta de Alexandr Golikov, escrita em tanque alvejado por projétil inimigo. ‘Neste instante, estamos em combate cruel, de vida ou morte. O nosso tanque foi danificado. Por todos os lados vejo soldados nazi-fascistas. O dia todos estamos rechaçando o ataque. A rua está cheia de corpos em uniformes verdes. Ficamos com vida Pavel Abramov e eu. No tanque furado igual peneira e todo escangalhado. Não temos uma gota de água sequer. O tanque estremece com os golpes do inimigo, mas, por enquanto estamos com vida. Já não temos projéteis. A munição está se esgotando. Pavel atira contra os inimigos com tiro certeiro, eu estou “conversando” com você, como sempre. A sua fotografia está em meus joelhos. Eu sei que é a última vez... Através das brechas no tanque eu vejo as árvores verdejantes, flores no jardim – de cores vivas, vivas. Vocês que sobreviveram à guerra, terão após a guerra uma vida tão linda, como essas flores e serão felizes. Por uma vida assim não temo a morte’. Carta milagrosamente encontrada num tanque onde estavam dois soviéticos mortos: após a morte do primeiro combatente, o segundo tomou seu lugar atirando. Quando a munição acabou ele tocou fogo no tanque.”
Mais de 27 milhões de soviéticos morreram na luta contra o nazi-fascismo.

Ano Novo?

Estamos comemorando a entrada de um novo ano. Comemorando o que? Que me perdoem os esperançosos da passagem do ano, mas para mim, a entrada do novo ano é somente a mudança do dia 31 de dezembro para o dia 1 de janeiro, nada mais, nada menos do que isto.
Há os que usam roupas brancas, para receber bons influxos; há os que usam cuecas vermelhas, para ativar a sensualidade e atrair namoradas; há as que usam calcinha rosa, para romantizar o ano que entra e desencalhar; há os que comem lentilha, para atrair prosperidade; há os que entram no mar para conseguir boa sorte; os que tomam banho da primeira chuva do ano para lavar tudo de ruim do ano interior.
E as promessas? No ano novo eu vou começar a dieta; no ano novo eu vou estudar e passar no concurso ou no vestibular; no ano novo eu vou arrumar um(a) namorado(a) e vou me casar; no ano novo eu vou conseguir um novo emprego ou ir para um melhor; no ano novo eu vou entrar na academia; no ano novo eu vou aprender inglês ou espanhol; no ano novo eu vou ter uma atitude diferente na vida.
Rituais e promessas repetidos ano após ano e que, na maioria das vezes, nada mais significam do que rituais e promessas, superstições do ano novo, como não passar debaixo da escada ou não cruzar com gato preto. No mais das contas, o patrão continua a explorar o pobre coitado, o tímido não consegui conquistar sua bem-amada, a gorda não deixa de assaltar a geladeira à noite, a frígida continua sem gozar, o que sofre de ejaculação precoce continua a ter medo de mulher e nenhum dos dois busca auxilio psicanalítico; o desempregado não consegue colocação num mercado de trabalho cada vez mais cruel, o curso de inglês fica para o ano novo seguinte e a mesma cantilhena se repetirá no próximo reveillon com a promessa de que “desta vez é para valer”.
Mas, o que estou fazendo, indo contra a esperança, escrevendo um texto de mau agouro contra o ano novo? Dizendo que a mudança é impossível? Nada disto, a esperança é o combustível da vida, o que seria da humanidade sem a chama da esperança de dias melhores. Só chamo a atenção de não se colocar a esperança onde ela não está. Como dizia o saudoso Barão de Itararé (Aparício Toreli), de onde menos se espera é donde não sai nada mesmo. A esperança não está na virada de ano, ou nos rituais apoteóticos, já que a pura e simples passagem do tempo nada traz, como diziam dois de nossos maiores compositores (Chico Buarque e Geraldo Vandré): “Ouça um bom conselho, que lhe dou de graça, inútil dormir que a dor não passa, espere sentado, ou você se cansa, está provado, quem espera nunca alcança” e “Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
A esperança não é um simples esperar e não se alimenta de expectativas preguiçosas e superstições grosseiras. Mudar cabe a cada um de nós, é da natureza do homem a possibilidade e a capacidade de mudança. O revolucionar-se, o começar de novo, o viver o primeiro dia do resto de sua vida, independe da data. Pode ser 1º de janeiro, 15 de março, 23 de agosto, 8 de novembro, não há uma data certa para isto. Tudo depende apenas e tão somente de se buscar dentro de si mesmo as forças necessárias para encontrar um novo caminho, o seu novo ano, pode ser em qualquer data, todo dia pode ser seu reveillon. Mas esta mudança não está em nenhum ritual ou superstição, pelo contrário, esta em uma série de atitudes de esforço, sacrifício e abnegação que podem abrir novos horizontes para a pessoa.
O tímido que sai de seu casulo para tentar conquistar seu amor; a gorda que recupera seu amor-próprio e encara uma dieta para deixar de ser rejeitada; a frígida e o homem que sofre de ejaculação precoce que se reconhecem doentes e vão a um analista para poderem usufruir do prazer e encontrar seus parceiros; o alcoólatra que pede ajuda para se livrar da doença; o desempregado que, tendo oportunidade, retoma seus estudos para conseguir novamente voltar ao mercado de trabalho, tudo decisão humana, baseada na razão e no esforço e não desígnios dos deuses, astros ou dos horóscopos do ano-novo.
É possível uma alternativa na vida de cada um de nós, mas ela está longe de passar pelas crendices do influxo do ano que entra e sim na consciência e no esforço humanos, razão e emoção em movimento.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Balbúrdia das letras: Neste Natal, Esqueça Manon

Balbúrdia das letras: Neste Natal, Esqueça Manon: Neste natal, esqueça Manon Roberto Ponciano Chegou o natal e as pessoas estão vítimas de uma espécie de embriaguez: comprar, comp...

Neste Natal, Esqueça Manon


Neste natal, esqueça Manon
Roberto Ponciano

Chegou o natal e as pessoas estão vítimas de uma espécie de embriaguez: comprar, comprar, comprar, comprar, comprar, comprar, comprar... As lojas cheias, pessoas se afogando em prestações, brinquedos e presentes eletrônicos caríssimos... é a grande celebração do Deus Manon, não o Deus Menino, o filho do homem, aquele que se fez carne para sofrer como todos nós, e que pobre, comunista, carpinteiro e operário, vagou pelo mundo pregando a igualdade e a solidariedade entre os homens. Aquele que disse, simplesmente: meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, revogam-se as disposições em contrário, esta lei entra em vigor na data de sua divulgação.
O que há de comum entre o nascimento do menino Deus, a encarnação do espírito vivo, aquele que veio distribuir o perdão entre todos os homens, que foi capaz de salvar a adúltera (ou prostituta, é sempre uma versão, a leitura) de ser apedrejada; que disse que não veio salvar os sãos, mas os pecadores, desta festa mercanditizada, com um velhinho gorducho do anúncio da coca-cola propagando o ide e consumi-vos, pois esta é a razão de viver!
Que solidariedade é esta que se faz não através do abraço e da compreensão, mas sim através da compra, venda e troca de mercadorias?
E o que falar então para aqueles que não tem acesso à grande festa da mercadoria, colocados de lado pelo grande templo do consumo, sem dinheiro para comprar os presentes desta troca insana, e que pedem apenas um pouco de pão para que não morram de fome enquanto a humanidade celebra o desperdício?
Que me contradigam e falem que estou exagerando, mas a insanidade que vejo nesta época, com pais sacrificados para dar o “brinquedo” ou a “viagem dos sonhos”, me faz perguntar, que porra de espírito de natal é este!
Afinal, o cristo proletário, comunista, carpinteiro e filho de carpinteiro, nasceu numa manjedoura pobre, e seus presentes foram símbolos de adoração e não a festa do comprar. A pobre criança da manjedoura com certeza olha com reprovação quando a humanidade transforma sua mensagem em cifras.
Sim, porque para confraternizar basta uma mesa, um pouco de comida, solidariedade, conversas, abraços.
Na sociedade do desvinculo, onde a única pessoa que fala nas casas é a TV (este totem da solidão moderna, na qual existem milhares de meios de comunicação que não comunicam ninguém com ninguém) o natal seria, em tese, o momento em que as famílias se reúnem e celebram. Celebram mesmo? Se o ápice da festa é conferir se o presente mais caro do ano foi recebido ou não, qual o sentido desta confraternização?

Nem religioso, no sentido estrito sou, já que não sou membro de nenhuma igreja, mas, talvez, tenha entendido a mensagem do Cristo Vivo mais do que muitos religiosos. Afinal, como se pode ser solidário, um dia? Como se pode se celebrar a cristandade um dia? E nem falo da cristandade em termos de seguir uma religião, mas de seguir sua mensagem.
Solidariedade é para todos os dias, ou somos solidários, ou não somos. Amor, carinho, fraternidade, lutar pela igualdade, ou é para todos os dias, ou é para dia nenhum. Não adianta nada rasgar as vestes, bater no próprio corpo, arranhar o corpo com as unhas dentro de uma igreja, achando assim que se está seguindo a mensagem de Jesus, isto é apenas ritualística vazia.
O que fazes para que a terra, nosso planeta, seja o paraíso prometido por Jesus no Sermão da Montanha?
A mensagem que o Revolucionário Comunista que condenou a riqueza (passará um camelo por uma agulha, mas não um rico entrará no Reino dos Céus, se tem dois casacos, vai e dá um a teu irmão) foi a da igualdade e a da fraternidade, a da esperança, a da amizade entre todos os povos, a do perdão, a da fraternidade.
Que fizeste no dia de hoje, semana do natal para que nosso mundo seja mais igual? Qual foi a última vez que olhastes para um pobre como um irmão, não como uma ameaça? Qual foi a última vez que te apiadaste do destino dos desgraçados? Dos deserdados, dos que tiveram o grande azar de nascerem pobres ou paupérrimos, na sociedade de Manon, Deus da Mercadoria?
Para mim é esta a verdadeira e única mensagem de Cristo. E não dá para adorar dois deuses, ou se adora Cristo, o jovem do Sermão da Montanha, de cabelos revoltos e que foi cruficicado por pregar a igualdade radical entre os homens, ou se adora a Manon (são palavras da bíblia). Posso não ser religioso, mas captei a mensagem da pregação Cristã, que no natal não celebramos a mercadoria, mas sim a nossa humanidade comum, nossa irmandade, nossa cristandade, que está em cada homem e mulher, independente de cor, raça, credo, etnia.
A humanidade que nos faz iguais está em muçulmanos e judeus, em negros e brancos, em evangélicos e espíritas, em pobres e ricos.
Portanto, ao celebrar o natal, penses que não é através do TER, da mercadoria, do comprar e gastar que estarás seguindo a palavra do filho do homem, do Deus Vivo. Mas sim através do SER, do compreender, do entender que a mensagem do natal é a mensagem da solidariedade, de que todos somos iguais e que é missão nossa então acabar com a desigualdade, que não é criação divina, muito pelo contrário, é uma criação do homem, que assim se tornou lobo do próprio homem.
Natal para mim é compreender, mais uma vez, que a missão de cada homem aqui é transformar a terra no nosso jardim, na nossa utopia, com paz e igualdade social. Nstal é transformar a terra na utopia comunista pregada por Cristo no Sermão da Montanha. Bem-aventuradas os pobres, porque eles herdarão o Reino dos Céus. E este reino dos céus não está em nenhum apocalipse, é uma construção coletiva, que se faz a cada dia e deveria ser fazer ainda mais, seguindo as palavras do Cristo Vivo, no dia de Natal.