quinta-feira, 11 de abril de 2013

Espumas do mar



Espumas do mar


Espumas do meu mar,
Bóiam marinas saltimbancas
De barcos que semipartem sempre para lugar nenhum
Ou para dentro desta água infinita
Que ridiculariza e eterniza a morte
Em pequenas vidas continuas e ininterruptas
Que nadam em silêncios insuportáveis
E cheiros hipnotizadores
Que me levam à areia.


Pé, areia, pé, sal, água,
Areia, tatuí, areia, água,
Pé, frio, pé, tornozelo, água,
Pegadas de dois pés apenas
Caminho sobre a areia,
Caminho sobre o mar,
Afogado em almas imorredouras
Em silêncios nascedouros de vernizes,
Aquarelas de flauta doce


Em sóis vermelhos espargidos
Em brumas que são quadros
De homens que se pintaram em maresia,
E sumiram dentro de agonias,
De ondas que eternamente quebram
Rindo do instante pequeno
Em que contemplamos
Fictos, olhos, perdidos pensamentos
Lástimas, pele salpicada de barulhos
Deste mar entrecortado,
De Botafogos e Cáspios
De Angras azuis perdidas
Em águas calmas que me levam ao fundo
E que me suicidam continuamente em afogamentos
E sangrias desatadas
Em barcas perdidas rumo ao inferno,
Ao pensamento, ao desalento.


Mar, dominador insaciável de meu sono
Desejo ininterrupto,
Instinto imaculado.


Mar, bravio e calmo como cópula.


Mar, nascentes desesperadas a te procurar,
E desaguar como fêmeas no cio,
Amazonas consumido em tua virilidade
Pororocas de sêmen vicinais
Nascimentos de mortes repetidas.


Mar.


Em ti todo silêncio é múltiplo.
É toda música é uma oração.
Todos os deuses são teus
E todos os homens joguetes de tuas marés.
Essência escondida de nossos úberes
Incontida permanência da natureza.

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